Eu gosto de discurso

Eu gosto de discurso!

Não me importo muito com, nem saberia precisar, as ideias acadêmicas sobre o conceito. É claro que o discurso é “uma exposição metódica... um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio... nos sentimentos do ouvinte”. (Wikipédia)

Eu simplesmente gosto de discurso.

Agora mesmo, no meio da tarde, a Emerenciana está queixando do meu discurso da semana passada, em que eu, se não me falha a memória, ou como diz o peão da fazenda, o Omega 3 não está adiantando, no meio de uma bebedeira entre amigos e amigas, defendia o glamour dos bordéis e que eles não são responsáveis diretos pela infidelidade! É possível frequentá-los e não ser infiel. Para ela, fica parecendo que sou um assíduo frequentador daqueles ambientes pecaminosos. Aí, hoje, discursei, apesar de não poder provar, a traição acontece mais frenquentemente longe dos bordéis: no trabalho, na igreja, na vizinhança, na família, na escola...!

Discurso não é verdade, discurso não é mentira. Discurso é sensibilizador.

O discurso visa empolgar, criar empatia, renovar a fé, reiterar a esperança, revigorar o sonho, nada mais. O discurso é a aliança entre os atores. É a mágica, o veneno que inundam os corações e os unem de maneira transcendental.

Na dimensão transcendental discurso nada tem a ver com realidade, concretude, objetividade, mas virtualidade, fé, esperança, sonho, tudo que a condição humana persegue com afã, mas infelizmente não consegue realizar.

O amante que confessa amor eterno, não mente.

O político que toma cafezinho no Mercando Central, beija crianças na Praça Sé, não mente.

Lula, ao chorar, não mente.

Cunha, ao despedir da querida, não mente.

Todos eles discursam...

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 18/09/2016
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