Cronista e Acadêmico

Cronista e Acadêmico

Entre as duas preferi a primeira, por várias razões. Um dos motivos, a preguiça. É um trabalhão danado ser acadêmico. Agora mesmo, depois do discurso, passei a procurar embasar os argumentos da minha escolha e quando vi já havia dowlonzado três monografias no Google Acadêmico. Um terror ler aquilo tudo. Aí resolvi justificar a razão da preguiça com um evento ocorrido domingo no Supermercado. Encontrei um amigo estudante e ele com um calhamaço de 6 laudas manuscritas na mão, todo sorridente, era trabalho de bimestre. Curioso indaguei: fez sozinho ou com outro colega. “que nada, paguei para fazer...não faço trabalho é mais tranquilo pagar... ai sobra tempo para estudar para fazer prova... já estou no terceiro ano...”. Falar o quê?

Outra razão para escolher a crônica é o respeito pelos leitores, principalmente os de TI. Na crônica, quando concentrado, numa chave de página falo tudo. Se distrair um pouco, gasto uma A4. Quando entusiasmo, passo para a página 2, mas poucas linhas. Ninguém é de ferro. Outro amigo me alertou sobre isto; um dia depois de publicado, ele todo ansioso queria saber o que aconteceu com a Perdida: “morreu ou não morreu, não aguentei chegar até o fim”!

A explicação que eu mais gosto é psiquiátrica.

Desisti da Academia por que ela é muito neurótica. Seus princípios são obsessivos compulsivos. Qualquer coisa que você fala tem que estar referenciado, contextualizado. Uma citação tem que ser contada paragrafo a paragrafo, linha a linha, letra a letra. A margem à direita, a margem à esquerda, o cabeçalho, o rodapé, tudo medidinho, como fazia o Dr. Castanho antes de entrar no consultório. Não se pode nem escrever “fé da puta”. O TOC é um sofrimento sem glamour.

Tudo que não acontece com a crônica, que é de natureza da bipolaridade.

A mania é uma alegria, e o cronista pode dar pitaco em tudo sem responsabilidade de especialista, embasamentos técnicos, referências e comprovações científicas.

No outro polo, o charme do espírito depressivo, a sensualidade da penumbra, o suspiro melancólico ao entardecer, inspiração de contos existenciais!

Ao cronista basta a salvaguarda constitucional.

Ah! Ia esquecendo, o cronista tem a ver com a pessoa amada, volta e meia, sua crônica não a sensibiliza. Então, é argumentar: Emerenciana, Emerenciana, deixa de bobagens, você não tem que importar com as besteiras que eu escrevo!!!!

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 20/09/2016
Código do texto: T5766663
Classificação de conteúdo: seguro