Fanfarras faziam a alegria da cidade

Volta Redonda apesar de ser conhecida como a cidade do aço, teve também sua época áurea com as disputas das fanfarras. Era década de 60 e 70.

Dois colégios disputavam a hegemonia: o Colégio Macedo Soares e a Escola Técnica Pandiá Calógeras disputaram por muitos anos a hegemonia de ser a melhor do ano. Havia outros colégios como o Colégio Batista que era misto – ou seja de meninos e meninas, e o Colégio Rosário que tinha apenas meninas e sua fanfarra não tinha instrumento de sopro. Porque não sei, mas não tinha! Havia alguns colégios municipais que se aventuravam, mas nenhum deles, naquela época, chegou a ameaçar a hegemonia dos dois.

Era uma disputa tão dura que seus componentes não tinham direito de ter amigos na outra.

Os ensaios eram feitos quase o ano todo. Havia segredos, toques novos, coreografias diferentes. Tudo para encantar ao público e aos jurados dos concursos.

Os desfiles, em Volta Redonda, eram sempre feitos, na parte da manhã, na Avenida da Independência, onde hoje se situa o Supermercado Sendas e o Sider Shopping. Ali eram terrenos vazios que se enchiam de pessoas que vinham não só ver o desfile, mas também seus filhos. O local de concentração era aonde hoje a rede de lanchonetes, o mercado das frutas e o Largo Nove de Abril.

Dava um orgulho danado entrar naquela avenida com o uniforme de gala, sapato engraxado e cabelo cheio de “gumex”. No final, havia sempre um picolé gelado na curva onde hoje se situa a rodoviária. Posso dizer que todos que ali entravam, entravam sabendo da importância do desfile para a sua escola. Era um dia de festa.

A tarde, o desfile passava para Barra Mansa. Ia apenas a fanfarra e a turma das bandeiras, onde eu me localizava. Havia algumas brigas, mas nada que não fosse rotina. Tinha também o desfile em Cruzeiro.

Após o desfile da independência, sempre no primeiro sábado, havia o campeonato no campo do Recreio do Trabalhador. Era uma disputa com fanfarras de diversos locais não só do estado do Rio, mas também do estado de São Paulo.

Se o Macedo participou disso tudo que tinha que agradecer ao Padre Gregório que tanto apoio deu a esta turma.

Hoje os desfiles da independência continuam, mas bem diferentes do que era antigamente. Os concursos e desfiles de fanfarras estão voltando, mas ainda vai demorar muito para ser como era. O glamour, a disputa, a vontade de vencer vai demorar em contagiar esta geração que ai está, mas fazer o que. Afinal os tempos são outros, o modo do viver é outro e cabe a nós respeitar.

Fernando de Barros
Enviado por Fernando de Barros em 23/07/2007
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