Cavalgada Soledade

Chegamos na fazenda Miragaia, Delfim Moreira-MG, ao cair da tarde em uma quarta feira de setembro (14/09/16). O grupo já reunido em torno da taipa do fogão, muita conversa cerveja e pinga, esta de Cruzília do haras Narciso. O Narciso, cavaleiro de Delfim Moreira, introduz a Dedo de Prosa de Piranguinho, uma girava no sentido horário e a outra ao contrário.

Conhecendo os novos colegas de cavalgadas, Roberto Leite ( Bob Milk); Paulão, o que não caiu do cavalo, Julinho da Narciso ( do Haras, viu Cororonel?), e seu Companheiro inseparável Ricardo (Ticaia), o quase menino Marcos Pamplona do Goiabal, que não tem goiaba. Caique, o genro, que pelo cavalo que deram a ele, até que aguentou muito, só o primeiro dia.

Nas conversas lamentamos os ausentes, Emirson, se recuperando, Manolo e Carlinhos...ema ema, canda um com seu problema. Se aviem para que não faltem a próxima.

Antes de deitar, cabreiro, resolvi contar as camas, 12 para 17 cavaleiros. Ofereceram para mim e Narciso um quarto com 2 camas de casal, achei que outros fossem dormir em uma casa próxima. Muita felicidade em cavalgadas, uma cama de casal só para mim. Não demorou nada o Narciso trouxe a noticia, "vamos dividir o quarto com os caboclos de Cruzília". O Ticaia já tinha dado a dica "Julinho ronca pacas". Mas, não era só eu que tinha preconceito de dividir a cama com gênero igual, Ticaia e Narciso sartaram fora. Narciso improvisou na sala uma cama com tapetes e pelegos, que o Paulinho Penna não se conformou com este desconforto e descolou um colchão para o amigo.

Fomos dormir tarde, mas acordados cedo pelos retireiros, Marquinhos e o sempre inquieto Narciso.

Dia clareando, café tomado, tropa alimentada e animais encilhados, seguimos passo a passo em direção a Piquete, procurando sempre as trilhas mais abandonadas e as mais inclinadas. Não é brinquedo não. Meia hora de marcha, voa pena, aliás Penna, o mais novo deles se esparrama, devido a uma escorregada do seu cavalo. Menino novo e leve (Penna), não aconteceu nada além do susto.

Passamos por uma trilha no meio do mato, com o experiente Julinho com um facão abrindo o caminho, encontramos uma cobra, neste momento eu estava na frente, minha montaria não refuga, passo tranquilo por ela, já a égua do Alexandre se espanta, tivemos que esperar que a serpente vagarosamente saísse da trilha. Tivemos que passar um córrego e depois um barranco para subir, quem escolheu a subida da direita se deu bem. O cavalo do Paulo, escolheu a da esquerda, ficou preso na trilha e escorregou junto com o seu cavaleiro, que não caiu, mas esperto empurrou o cavalo para que não caísse em cima dele. Sou testemunha ocular do acontecido.

Um pouco em frente encontramos o seu Coura e companheiro, seria nosso guia na descida abrupta para Piquete, antes almoçamos e bebemos.

Seu Coura fala para o Narciso,

- Sabia que carrapato não pega em burro? - Narciso rápido, Chama o Coronel,

- Sabia por que você não tem carrapato no couro? - Coronel ingenuamente responde:

- Sei não! - Narciso pede ao seu Coura que repita o dito. Mineiro esperto da Mantiqueira, também rápido disse:

- Me esqueci - Por mais que insistissem não repete o dito.

- Vocês querem me complicar..."- Seu Coura com um pequira menor que o nosso pônei, sem calçamento, talvez não encontrasse tamanho para o casco, Cel. Ronaldo podia dar a dica onde comprar ferraduras para pônei. Seu Coura segue indicando o caminho, o ponteiro era Julinho, Marquinhos e Alexandre. Descemos para baixo, aqui, para baixo mesmo, que não era fácil não, pensei comigo se tiver que voltar estamos ferrados, difícil de virar as montarias em trilhas profundas. Logo, um grito, temos que voltar, árvore grande caída na trilha. Foi um "Deus nos acuda" Seu Coura caiu do cavalo, sorte que estava bem próximo do chão. Tivemos que apear e virar os animais. Os três da frente, sistemáticos, "não somos caranguejos, para trás, jamais". Subiram barrancos, desceram pirambeiras, cruzaram brejo, chegaram antes, mas um dos animais teve que ficar em Piquete, tal a exaustão.

Em Piquete, Caíque pede desculpa e diz:

-Com este cavalo e com esta cela num dá não, vou deixá-los. -E Narciso,

-Também com este cavalo os seus cabelos subiam e desciam. Com este sogro você não precisa de inimigo, ele não podia arrumar um cavalo pior.

Marcos Pamplona arrepia:

- Oh Narciso! O cavalo é meu!

Narciso retruca,

- É Caique, tu tá mal de sogro e de amigo.

Em Piquete nos hospedamos no hotel da Imbel, muito conforto depois de um dia difícil mais muito curtido de cavalgada.

Segundo dia, Piquete a Guaratinguetá, pousada do Barbeta, cavalgada em terreno plano, nos vales do Rio Paraíba, como não tinha mais nada a provar revezei com o pessoal do apoio, fui na Toyota Bandeirantes, até me arrisquei a dirigi-la, assustei me e ao Flavinho com o jogo na direção.

-Seu João, vamos ver esta direção, o Senhor não pode faltar nas nossas cavalgadas! Está me devendo os ovos cozidos nos términos do cozimento do arroz.

Chegamos na pousada de animais do Seu Barbeta, que nos saúda assim:

- Oh mineiro, bão? - com uma latinha de cerveja na mão - Aqui não pode beber!

Fico contente com a saudação, sou mineiro de filiação e de coração.

Último dia, trecho curto, mas com hora para terminar, e assistir a missa das 12,00 horas em Aparecida. Deixamos os animais no pastinho do Barbeta e fomos dormir na cidade, e na volta, algo inédito. O nosso apoio, Seu João Gonçalves, Flavinho e Ticaia se perdem dentro de Guaratinguetá. Sem falar que João nos levou para esta pousada no ano passado, e foi morador de muitos anos de Guaratinguetá, e as 7 horas da manhã só podia estar sóbrio.

Na saída houve uma tentativa de roubo de cavalo, se o Julinho não fosse esperto teria sofrido neste trecho. Marcos Pamplona, não se sabe se intencional ou não, trocou de cavalgadura, devia ser muito dura, a dele.

Neste pequeno trecho da cavalgada a mais espetacular e quarta queda, o cavalo mais bonito e o cavaleiro com a bota mais bonita da cavalgada se enroscam em uma cerca caída e o cavaleiro sofre um verdadeiro "Ipom" do seu cavalo. Palavras dele.

Chegando no lugar de desarrear a tropa no pátio do Santuário, peço para tirar uma foto com o grupo. O pessoal não se anima à aquela foto tradicional em frente a cúpula, mas tiramos ali mesmo. Queria que uma árvore linda e florida fosse o nosso fundo, ficou distante dela. Não há santuário mais bonito do que aquele feito por Deus. O de Aparecida é imponente a árvore é bela.

A noite a despedida na casa do cavaleiro Edval, fechamento com chave de ouro, uma deliciosa feijoada, rodadas da cachaça de Cruzília num sentido e a Dedo de Prosa em outro. O que a marvada não faz! Amigo de 30 anos, pelo qual punha a mão no fogo, se revelou, sentou no colo de outro, só faltou beijo na boca, o pior é que provocou ciumes em graduado do Honrado Exército Brasileiro. Só conto os pecados, mas não conto os pecadores.

Assisti uma negociação de cavalo dos tempos modernos, não houve troca de fio de bigode, pois os meninos ainda imberbe, deram as mãos, negócio feito, depois consultam o pai de um deles, o negócio parece que foi desfeito,

- Trocamos, não trocamos?

- 0s dois cavalos são nossos. Julinho, qual é o melhor?

- Coronel, abençoa a troca?

- Deram as mãos, não tem volta, o negócio tá feito!

- Ah, estes cavalos não tem dono, você pode pegar lá e andar a hora que quiser em ou no outro!

- Fizemos ou não fizemos o negócio?

Que deram a mão eu vi, foi na minha frente, e eu e estava sóbrio.

Valeu a cavalgada, os novos amigos, consolidação das amizades feitas anteriormente. Nossos agradecimentos aos amigos, as cavalgaduras, a natureza e sobretudo ao nosso Criador de todas estas boas coisas. Amém.

Defranco
Enviado por Defranco em 24/09/2016
Código do texto: T5771081
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.