Luz e escuridão

Quando eu era criança e era obrigado a frequentar cultos religiosos, um texto sempre me chamou a atenção:

"Haja luz. E houve luz"

Porém eu nunca entendi a palavra "Houve luz" como algo trazendo uma luz que se perpetuou para sempre. E sim como uma luz que apareceu e foi embora, um clarão de segundos, deixando apenas a escuridão após brilhar. Caso contrário não deveria ter sido usado o "houve". E em minha jovem cabeça, o "criador" olhava para a escuridão gerada depois do clarão de luz e dizia: isto é bom!

E eu realmente apreciava a escuridão e trevas, explico a razão:

Como ouvi de um grande amigo, são nossas cicatrizes que nos fazem e nem sempre os momentos em que temos paz.

Se existe essa tal de "luz" fora de mim, eu não preciso me preocupar em criar a minha própria luz. Porém, se tudo é escuro, não há outra maneira que não seja você criar sua própria luz para sair da escuridão. Talvez, ser "expulso do paraíso" significa que agora você não mais recebe tudo em sua vida, mas terá de aprender a ser completo por sí próprio, entendendo e reconhecendo sua própria natureza (o conhecimento do bem e do mal).

Afinal, qual pai quer ver seu filho em casa recebendo tudo sem nenhum esforço pro resto da vida?

Enfim parei de ser obrigado a frequentar reuniões religiosas uma vez que acabei em minha mente concluindo que o tal do "satã" provavelmente tinha não apenas o seu papel bem definido em gerar problemas e caos para que fôssemos forçados á encontrar nossa própria luz mas como também deveria ser uma das mais inteligentes criações divinas - Aquela que lhe cria cicatrizes para forçar sua evolução pessoal. E que talvez, ele resida dentro de cada um de nós, sendo nossa própria natureza. E que talvez, não seja ele o mal. Mas o mal seja aquele que nos força a nunca usar nosso potencial e evoluir como ser humano nos dando tudo o que precisamos.

Marcello Morettoni
Enviado por Marcello Morettoni em 25/09/2016
Reeditado em 25/09/2016
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