Uma dose de Whisky, por favor!
Já era tarde, mal sabíamos para onde ir. O pub praticamente nos expulsou às três da manhã, estávamos tão bêbados e exaustos. Segui seus passos cambaleantes e chegamos ao parque dez minutos depois. Você sussurrou algo e eu não consegui entender, nos jogamos na beira do lago. Lembro-me da dor ao cair.
Você se deitou e virou-se para cima, olhava as estrelas enquanto tentava formular uma frase. Fiquei quieto, a dois metros observando-lhe. Não era capaz de falar algo, sentia minha consciência voltando aos poucos. Adormecemos.
Eram oito da manhã quando acordei, estava explodindo com aquela dor de cabeça. Me aproximei de você e toquei seu rosto, estava muito gelada. Foi então, que a reparei como mulher, não apenas como minha velha amiga. Como uma garota que mal tinha visto, tão bela e sensível.
Abaixei-me e beijei seus lábios devagar, sentindo seu gosto pela primeira vez. Você despertou e sentiu-se confusa, quebrou meu nariz com um soco. Ficamos então, semanas sem nos falar.
Tentava escrever a você, explicar o que aconteceu, mas era claro que você não queria entender. Era claro que não confiava mais em mim. Sofri, chorei e me deixei levar por aquilo, por todos os pensamentos errados.
Passou-se nove meses e acabamos nos encontrando no parque. Você me viu e sorriu, enquanto eu desci aquela pequena colina até o lago, onde passamos aquela noite. Você me seguiu, tentou segurar-me pela mão. Mas não lhe dei ouvido, estava marcado demais por aquilo.
Sentei-me sobre a grama e observava a água. Seu reflexo ali continuava lindo, senti seu cheiro se aproximando. Lembro-me de cada palavra que você sussurrou para mim, cada sílaba.
Aquela confusão, dor e aflição desapareceram. Olhei para ti e sorri, como não fazia há muito tempo. Levantei-me e toquei seu rosto, da mesma maneira que já havia feito. Beijei-a e recomeçamos enfim.