Perfume

-O pai chegou e saiu?

-Não, ele ainda não chegou. Por quê?

-É que senti o cheiro do perfume dele.

-Ah! É que fui mexer no guarda roupa e derrubei.

Minha filha ao chegar do trabalho, ao comentar sobre o perfume do pai sem planejar fez com que eu mergulhasse em lembranças da infância, lembranças do tempo em que eu tinha tempo e nem sabia o que fazer com ele. Sim porque desde minha infância os cheiros e aromas me remetem à mais tenra idade:

Saudades do cheiro de minha mãe, da água de colônia que ela usava após o banho e o cheiro doce do sabonete dela misturado ao cheiro de comida e doce de leite caseiro, o pão assado no forno à lenha, o bolo de mandioca... O perfume de meu pai, da “brilhantina” que ele usava nos cabelos, junto ao suor e cheiro de mato, pois ele trabalhava o dia inteiro no campo.

O cheiro do meu primeiro shampoo, do primeiro perfume dado por minha mãe , o cheiro do caderno e dos livros novos quando fui à escola. O cheiro de terra molhada. Os cheiros bons de perfumes e os cheiros ruins, que me trazem más recordações... Talvez os cheiros nem fossem ruins, e sim as lembranças é que eram.

Tenho o olfato apurado e, o cheiro por mais suave que seja desperta alguma emoção em mim, e, hoje fez com que eu ficasse saudosa assim.