_______________Arroz Maravilha


 
“Dez entre dez brasileiros preferem feijão”? Não sei, mas Gonzaguinha escreveu e cantou que sim.  Mas, se dez entre dez brasileiros preferem feijão, não sobrou lugar pra mim, já que prefiro mesmo é o arroz com quem tenho uma séria e comprometida história de amor.

Gosto não se discute. Mas o arroz, pra mim, lidera a lista dos alimentos mais saborosos.  Ele é simpático, combina com tudo, estabelece sempre boas relações. Esta capacidade de convivência do arroz é o que me cativa. O moço se dá bem com todas as carnes, com todas as verduras, com todos os legumes, com molhos de todas as cores, com caldinhos, com feijoada, com ovo, com pimenta pura, e até com algumas frutas... Além, é claro, de ter contratado namoro firme com o feijãozinho, seu maior xodó.

Podem difamar, fazer campanha contra, dizer o que quiserem, mas o arroz tem seu lugar, é majestade. Sei que  costumam manter contra ele  tratamento reservado, dizem que é o grande vilão na guerra contra as gordurinhas, o responsável direto pela barriguinha avantajada de muita gente. Mas fazer o quê, se ele já nasceu gostoso?

Por falar em nascer, tenho certeza: o arroz nasceu primeiro que o próprio homem, por um decreto sagrado qualquer, que o garantiu como alimento essencial ao bem da humanidade. Nenhum ser humano seria capaz de inventá-lo. Ele já veio pronto de algum lugar, num passado nunca antes  existido neste  Universo   em  que habitamos.

Cozinhar arroz é uma arte pessoal. Cada um tem a sua. Uns gostam mais grudadinho o famoso “somos todos irmãos”. Outros preferem mais soltinho versão “inimigos para sempre”. Minha receita não me importo nem um pouco de partilhar: refogado  com alho e óleo, tantinho de sal, coberto dois dedos acima com água fria. Entre a primeira e a segunda água, fogo desligado para descanso. Dado o intervalo, revolver delicadamente com a ponta do garfo, ligar o fogo novamente e deixar secar. Está pronto o arroz maravilha!

Uma cozinha sem arroz sobrevive pela metade, e assim como o pão nosso de cada dia, este personagem importantíssimo jamais deveria faltar à mesa do brasileiro. Algo curioso que observo de longa data: não importam quantos comam, o arroz se multiplica. Dificilmente, se raspa a panela, sempre sobra aquela porçãozinha. E sobrando, a ordem é nunca jogar fora! Reinventar! Experimente um bolinho de arroz e depois me conta se não é uma maravilha também. Em defesa do arroz de todo dia, sou obrigada a me posicionar: daqui pra frente, onze entre dez brasileiros preferirão arroz! E se for com feijão maravilha então, quem é que resiste? Ninguém.