Não houve como continuar

E lá estavam eles caminhando lentamente pela rua até aquela velha mesa daquele bar de sempre, que era perto da casa dela.

O silêncio destruidor dizia mais do que todos os sons do mundo. Aquele relacionamento estava no fim. Ele sabia o motivo. Ela sabia também.

Ele tentou quebrar o silêncio:

- Você a viu ontem?

A resposta dela foi seca e destruidora, e sem olhar na cara dele:

- Sim. Ela dormiu aqui.

Embora o sentimento o matava por dentro, ele sabia que não havia o que fazer. Eles sempre souberam onde estavam entrando e fingiram que não sabiam. O que ele não esperava era ter se apaixonado de verdade. Foi estranho. Ele não sentiu muita atração no primeiro momento. Nem no primeiro beijo. Mas com o tempo, as idéias e a inteligência dela fez com que ele a admirasse cada dia mais. E de repente ele dizia pra todos que sua "enrolada" era linda.

Mas não era do gênero dele que ela gostava. Não para isso. Em seis meses ela se apaixonou perdidamente por uma colega de trabalho. As duas criaram uma cumplicidade que ele jamais conseguiria. E ele tinha que admitir isso.

- Você foi especial pra mim. Eu não quero que deixemos de nos falar. - Disse ela, acariciando o rosto dele.

- Isso não vai acontecer e você sabe disso. Agora preciso ir. - Ele reuniu toda a coragem que ele tinha e virou as costas para ela. E foi para sempre.

No caminho pensando, parou por admirar ela ainda mais. Mas agora o relacionamento dos dois também. Pois acima de tudo, ele foi o amigo que silenciosamente a encorajou a decidir sua própria vida. E ela a pessoa que mais o havia feito refletir sobre tudo. Os dois cresceram. Isso é o que importa.