TRANSGRESSÃO

Transgressão. Atravessar o sinal fechado, a rua. Olhar o rabo da mulher do outro, com o rabo do seu próprio olho. Cobiçar o que declararam proibido. Comer a maçã, a irmã, a anã gostosinha, transborda certa pedofilia. A banana surrupiada na feira. Quero comer a vizinha, bonitinha, pele rosada, fresquinha, mas é tão próxima. Tão próxima e tão distante. Minha tia gostosa, fogosa, baita par de melões. Me beija, me pega. Meio velha, mas dá um caldo. Ah Se eu te pego titia!

O imposto, retido na fonte, e se eu não quiser declarar. Recuso pagar e amargar mais um mês esperando, espremendo, querendo o que nunca vem.

Que critério como foi, quem interrompeu o curso. Maculou o natural, o animal instinto, o que já foi puro, agora é nódoa, mancha de batom na brancura da camisa. Quem foi o primeiro. Quem decretou o pecado, acho que era infeliz. Acho que Deus não deu palpite na relação. Se deu é porque não sabe o que é bom. Só relacionou maravilhas. Comer, fazer sexo oral, anal, dizem que é antinatural. Beber, ficar de pileque, mijar na rua, co’a bunda pra lua, dizem ser coisa de anormal. Cuspir na calçada, ver a moça pelada na fechadura, andar pelas ruas, nu com o pinto na mão. Dizem que não pode não. Assombram-se com o namorado mocinho da Ana Maria Braga. Com a trepada da modelo bocuda, Cicarelli, embaixo d’água do mar. Deixa a moça trepar!

A culpa acompanha meus passos. Só sinto prazer no pecado, na luxúria, na gula incontida. Monty Python já perguntava What’s the meaning of life, para mim a vida não tem sentido se não transgrido. Se não rompo, se não provoco jurisprudências, exceções a todas as regras. A ordem me incomoda.