Sou

Eu tenho ombros que carregam sentimentos do mundo todo. E talvez por isso, tem dias que acordo cheia de dores. O mundo tem sido um lugar pesado. Metaforicamente tenho vontade de perfumar de leve o pequeno globo que enfeita minha estante de livros porque toda tentativa vale a pena. Mas há muito já passei da fase de fantasiar as coisas e só restou essa pequenina saudade.

Em contrapartida também já perdi o medo das pedras no caminho. Hoje caminho sem pressa e já cansei de construir castelos. Mas os sentimentos do mundo ... ah o mundo. Esses meus ombros ainda carregam.

As vezes paro para pensar que pessoa eu seria sem eles e até desejo ser essa pessoa. Mas eu me lembro que não carrego nada sozinha e jamais vou abrir mão dos que caminham ao meu lado, sem pressa também.

Se meus ideais e ideologias parecem bobos ao resto do mundo: direito do resto do mundo. Oferecer meus ombros, é direito meu. Talvez por isso trago a rosa dos ventos no meio das asas.

De qualquer forma, lembrei da minha sobrinha de apenas 4 anos me dizendo uma vez: “tia, o mundo zá ta tão cansado. A zente pecisa cuidá do paneta. Fechá as toinelas e zogá lixo no lugai céito”.

Me dei conta de que talvez eu não receba conselho mais bonitinho.

Microconto de quinta: Doar-se?. Abraços.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 24/11/2016
Reeditado em 24/11/2016
Código do texto: T5833319
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