Entre lágrimas e filmes

Sabem, às vezes, quando assistimos àqueles lindos filmes românticos, muitos com um sempre esperado final feliz, lágrimas insistem em escorrer de nossos olhos. Algumas pessoas são mais discretas, seguram o máximo que conseguem, encostam a cabeça na almofada, ou, simplesmente, esfregam os olhos com a conhecida desculpa de que um cisco o incomoda. Outras, menos tímidas talvez, já trazem a caixa de lenços consigo e se declaram de imediato, verdadeiras “manteigas derretidas”.

Não importam se discretas ou descaradas sejam as lágrimas, o que procuro analisar aqui, são os motivos por detrás das mesmas. Não sou psicóloga ou qualquer outra coisa do gênero, e nem poderia fazer um estudo científico sobre o fato; entretanto, como dizem, para tanto usarei a “enorme” experiência adquirida durante minha vida. Simplificando, é quase uma auto-análise.

Por que tamanha comoção ao assistir um filme, tantos com cenas e finais previsíveis ou mesmo, filmes assistidos repetidamente?

Temos a propensão de nos derramarmos em lágrimas diante da tela do cinema ou da TV; fico pensando se o que nos impulsiona é o simples fato de, realmente, serem emocionantes as cenas e por detrás delas esconderem-se a calculada intenção do autor de tocar fundo no coração do interlocutor, ou se é apenas a nossa fértil imaginação que aproveita-se do frágil estado emocional a que fomos levados, para nos transportar para a pele das personagens e criar um mundo a parte, totalmente oposto ao monótono mundo real, o qual nos vemos obrigados a enfrentar a cada nascer do sol.

Para uma alma sensível e sonhadora é quase impossível não envolver-se com tantos sentimentos, transferir-se para as situações tão bem apresentadas e imaginar-se vivendo cada uma daquelas emoções.

Não é segredo que muitas coisas só podem acontecer em filmes, são inimagináveis na vida real; no entanto, ainda sonhamos com a existência de uma intervenção divina e uma conspiração do universo para que se realize o encontro com a pessoa perfeita, no lugar perfeito, no dia perfeito. Fechamos os olhos e vemos aquela pessoa (a perfeita) nos surpreendendo com uma aparição espetacular em meio a uma festa, trazendo um buquê de rosas consigo e declarando seu amor perante algumas dezenas de espectadores. Suspiramos e somos capazes de sentir o acelerar do coração...

Alguns poderiam julgar-nos bobos por tais atitudes, mas será crime, por um instante, sonhar em possuir a perfeição no transcorrer da vida? Aquela existente nos filmes?

Finalmente, chego à conclusão de que são as insatisfações com a inalterabilidade da vida real, que nos impulsiona a almejar fazer parte do elenco de um perfeito enredo e possuir o papel de personagem principal. E já que ninguém se atreveu a dizer que isso é crime, então, continuamos a sonhar!

Dany Ziroldo
Enviado por Dany Ziroldo em 28/07/2007
Reeditado em 09/01/2009
Código do texto: T583448
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