LIÇÃO DE VIDA

Ontem eu acordei um pouco mais cedo do que de costume. Estou tentando emagrecer um pouco, pensando no casamento que vai se realizar no mês de março. Tarefa difícil, mas não impossível de ser realizada.

Tomei um banho e fui para o quarto onde eu montei a minha pequena academia particular, como disponho de pouco tempo, procuro fazer um pouco de exercício pela manhã, e a noite quando eu volto para casa um pouco mais.

Estava fazendo inicialmente a plataforma vibratória, para depois começar os exercícios de musculação, quando comecei a ouvir o gorjear melancólico de um passarinho. Não me importei, pois minha casa tem muitas frestas no telhado, e sempre ao amanhecer eu ouço o canto dos pássaros, porém naquela manhã eu percebi que o canto era diferente, choroso, triste, melancólico.

Eu precisava terminar as minhas séries de exercícios programados, e anotados em uma folha presa no quadro de aviso que mantenho em frente à aparelhagem de musculação.

Não conseguia me concentrar nos exercícios.

Caminhei até a cozinha e coloquei a água para esquentar. Duas colheres de pó de café no coador. Pão com queijo na tostadeira. Um copo de água para refrescar, sentei-me a cadeira da cozinha e fiquei quieto, foi quando o canto começou novamente a mexer com os meus pensamentos. Abri a porta da cozinha, e percebi que ele vinha da área de serviço, onde eu tenho o tanque e a máquina de lavar roupa.

Em um canto tinha um balde azul, que minha empregada sempre coloca roupa muito suja de molho, normalmente são panos de chão, ou algum outro tipo de peça mais suja, que precisa de Tay para alvejar.

Percebi que era dali que vinha o gorjear melancólico de um passarinho. Acheguei-me com cuidado, e a cena que eu vi encheu os meus olhos de lágrimas.

Não era um pássaro somente, mas sim dois; um deles morto boiava sobre a água tendo no fundo do balde a roupa a ser lavada. O outro de menor porte, o que a meu ver chorava, parecia um filhote abandonado.

O canto melancólico que eu ouvia, era um canto triste da morte.

Percebi que provavelmente o pássaro morte poderia ser uma fêmea e deduzi ser a mãe daquele que sobrevivia sobre o seu corpo, sem forças para voar, talvez pelas asas molhadas, ou então por ainda não estar apta para alçar o seu primeiro voo.

Talvez a mãe vendo o filhote em perigo tenha dado a vida para que este sobrevivesse, aproximei-me com cuidado, e percebi claramente que minha dedução tinha fundamento, o pequeno passarinho estava todo molhado, trêmulo não sei se de medo ou de frio, peguei-o com cuidado, enxuguei suas asas e o coloquei sobre a máquina de lavar roupa fechada. Depois fui até a suposta mãe já sem vida, e a levei até o quintal, fiz um pequeno buraco e a enterrei junto á um pequeno arbusto que sempre esta cheia de passarinhos por causa das sementes que ele produz.

Qual não foi a minha surpresa, quando em um voo rasante, o pequeno pássaro se assentou exatamente sobre a terra que agora cobria o passarinho morto.

Levantei-me, pois até então eu estava de joelhos, e conclui com os meus próprios botões.

Nós homens, nós seres humanos, achamos que só nós temos sentimentos, esquecemos que qualquer animal, por menor que seja a sua espécie de que maneira eu não sei, sente a mesmas dores que sentimos quando perdemos um ente querido.

Eu precisava trabalhar, mas apreendi mais uma lição em minha vida.

O amor existe não só para nós humanos, mas sim para todas as espécies existentes na Terra, que infelizmente de uma maneira ou outra nós aos poucos estamos destruindo.

Olhei pela última vez para trás. O pequeno pássaro continuava sobre o jazigo que provisoriamente eu havia feito.

O AMOR É INFINITO, ELE É UNIVERSAL, ELE ABRANGE TODO E QUALQUER SER VIVO, TALVEZ DE UMA MANEIRA DIFERENTE DE NÓS HUMANOS, MAS QUE SEMPRE ACABA DEMONSTRANDO O MESMO SENTIMENTO.

Ton Bralca
Enviado por Ton Bralca em 10/12/2016
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