O lugar onde vivo - Crônica.

*Crônica realizada para o Trabalho de Faculdade para o tema: RESGATE DOS JOGOS E BRINCADEIRAS: DAS DIFERENTES GERAÇÕES NA MINHA REGIÃO. (Universidade UNINTER - FASE II)

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O lugar onde vivo já foi um lugar campestre, já foi um lugar pacato, com isso, já foi um lugar não muito conhecido. Eu nasci e cresci onde hoje ainda vivo, lembro-me da minha mãe e parentes me dizerem como foi difícil concretizarem o meu batizado, a igreja era distante, em um bairro não tão próximo, a estrada? De chão. Só se via poeira e mais poeira, nada mais. E lá, bem ao longe, estava o tal monumento. A igreja católica empoeirada e quase imperceptível em meio ao verde da mata. Meu vestido de branco virou bege, e essa era a graça do momento, um pequeno bebê com bochechas acentuadas, com o vestido amarronzado, em meio a um lugar pacato e campestre. Em meio a um lugar de sorrisos e afetos. Em meio a um lugar “empoeirado”, mas feliz. Esse bebê era eu. A criança que brincava na rua até tarde da noite de “pique-bandeira” e “pique-tá”, a criança que sujava os pés e as mãos na lama fria depois de um dia de chuva, a criança que tomava banho de mangueira com as colegas depois da escola, a criança que ia à casa da amiga depois da curva brincar de boneca, a criança que corria pra lá e pra cá, igual uma moleca, que cantava e dançava na rua sem vergonha alguma. O horário de verão era a nossa total alegria. Foi onde nasci. Mas este lugar foi crescendo e se desenvolvendo, e assim como eu, foi amadurecendo. Em lugar de cavalos e bois, carros caros e importados. Em lugar da velha estrada de chão, o asfalto iluminado. Em lugar de casas humildes, casarões foram erguidos. Sítios foram ampliados. Fazendas ficaram enriquecidas. Mercados foram abertos. Este é o lugar em que hoje vivo. Não mais pacato, não mais tão rural, e agora... Bem conhecido. A placa de “área urbana” foi colocada. A movimentação atual é agitada, motos e mais motos correm de lá para cá, casas são construídas em cima de outras casas, pessoas se mudaram para cá, rostos estranhos estão por todo lado. Apartamentos viraram a moda do momento. O lugar chamou a atenção para si. Se antes era desolado, hoje é agitado e farto de gente. Mas que gente? Gente que talvez não seja como a nossa antiga gente. Gente nova! É essa gente. Gente que veio de lugares diferentes. Gente que trouxe “bagagens” que dizem ser “inocentes”. E espero que sim. Espero que não interrompam nossa paz. Espero que este lugar nunca se esqueça de onde surgiu. Espero que este lugar não mude mais tanto assim. Espero que, mesmo adaptado, este lugar sempre se lembre do rosto da nossa antiga gente.