A droga do século

Ligo o notebook e conecto a internet. Digito a senha e em seguida, conecto meu celular junto ao notebook para que não perca totalmente a carga. Acesso a área de trabalho, coloco o antivírus pra rodar enquanto leio páginas e mais páginas totalmente fúteis. Dou dois clicks no Google Chrome, adianto para o Facebook e acesso. Em seguida vejo a palavrinha "usuário" e logo abaixo "digitar senha", isso quando a senha já não fica salva pra acelerar o processo. Entro e começo a ler e curtir poemas, anúncios, assisto vídeos menosprezando pessoas, quando me deparo com os tipos de posts:

"Tem pessoas que...", "Não entendo algumas pessoas...", "As pessoas deveriam..." e por aí vai.

Entendo como posts inúteis uma vez que rede social nenhuma nem posts voltados às pessoas sem nomes vão mudar ninguém. Seria muito mais fácil silenciar ou então dar nomes às pessoas se é que elas existem. As redes sociais estão, infelizmente, destruindo o que temos por dentro, fechando qualquer abertura para o diálogo. São ofensas, algumas expressões que eles chamam de "indiretas", pensamentos vagos baseados em nada e sem nenhum argumento que pelo menos nos faça entender o porquê que estamos lendo tal publicação. Tornar-se dependente das redes sociais é a pior cilada que uma pessoa pode chegar na vida. Somos feitos de sensibilidade, de olhares, de toques.

Temos uma boca, uma garganta que emite som, temos dois tímpanos, diga-se de passagem dois, para falarmos menos e para ouvirmos mais o que nos incomoda tanto no outro. Temos braços para abraçarmos, enquanto muitos dos nossos irmãos nos abraçam com a alma, temos mãos para impormos em forma de "não, não quero!". Perdemos toda a nossa razão, se é que ela existe, quando usamos destes meios para angariarmos curtidas e comentários vazios. Quem tem o ego massageado pelas redes sociais infelizmente torna-se uma pessoa vazia, triste, compulsiva e a longo prazo provavelmente será depressiva. O que leio interfere naquilo que sou, o que vejo interfere naquilo que me forma.

Tudo aquilo que me torna dependente não é legal, não me faz bem, destrói a pessoa que sou e afasta de mim quem realmente deveria se aproximar. Se há um cisco no meu olho qual que é a minha? Tirá-lo rapidamente para que eu possa ver com conforto e sem irritação. Assim funcionam as redes sociais e esse "usuário" como isca. Usuário também é um termo usado para quem infelizmente faz uso de crack, cocaína, entre outras drogas. No lugar do trago talvez esteja o espaço da "senha", ou seja, entro porque quero. Hoje em dia, crianças, jovens, adultos, idosos, praticamente todos estão na mesma situação. Já li em algum local que casamentos acabaram por causa da rede social. Não posso afirmar porque não presenciei. Já foi do meu conhecimento também que traições foram descobertas através de um aplicativo chamado WhatsApp. Antigamente não haviam nem internet nem os meios e mesmo assim haviam traições, ou seja, a tecnologia chegou para acelerar o mau caratismo e falta de respeito para com os cônjuges.

E assim, as pessoas sucumbem seus sentimentos, ficam amargas, tristes, totalmente dependentes, sempre falando pra alguém que a gente nem sabe se realmente existe. Bom é quando damos nomes às coisas, damos veracidade aos fatos, damos nomes aos bois. Nenhuma pessoa muda outra pessoa. Um exemplo básico: Daniel Cezário 'pode' mudar Dênis Roberto, mas através do exemplo, isto se Dênis Roberto assim o quiser, o que é um detalhe na questão. Rede social é entretenimento, tempo ocioso, onde as pessoas quase sempre usam de banalidades para tentar expressar o que pensam, sentem ou querem. Na janelinha do Facebook vem escrito: "no que você está pensando?" Nossos pensamentos são comandados por nossa mente que deve estar sempre equilibrada. O problema maior é quando deixamos nosso coração apodrecer de sentimentos negativos e resolvemos então "soltar os cachorros" via rede social. Não sabemos quem está visualizando nossos venenos, ódios, rancores. Fazendo assim, se estamos totalmente dependentes das redes e estamos infectados, acabamos também por menosprezarmos e diminuirmos quem estiver lendo nossas mágoas virtuais.

Então: qual pedido mesmo deveríamos fazer para 2017?

Quem manda no pedaço? Eu ou a rede social?

Qual minha real posição? Chamar Manuel de "algumas pessoas" ou realmente chamar Manuel de Manuel?

Quem controla meu espaço? Eu ou os meus sentimentos negativos?

Quem manda no meu coração? Eu mesmo ou aquilo que leio e sugo?

Quem é que é o usuário? Qual a droga que uso? Qual a senha que uso pro primeiro trago?

2017 está quase chegando, e talvez, se zerarmos nossos sentimentos negativos e passarmos a refletir mais sobre nossas postagens aleatórias que certamente atingem pessoas que estão deprimidas, confusas, desconectadas, certamente aliviaríamos a vida de muitas pessoas. Não estancaríamos a patologia, mas aliviaríamos, o que já seria meio caminho andado. A conectividade virtual é um perigo quando não se sabe usá-la da forma que deve ser usada, quando não se tem domínio sobre ela. É como o primeiro trago de uma droga, a tendência é se viciar e viver eternamente preso dentro de uma casa de recuperação chamada vida real. A confusão entre a realidade e virtualidade enjaula e as chances de voltarmos a sermos limpos é quase que nula!

Para 2017, assim como sempre foi em minha vida, eu quero continuar sempre dizendo não às drogas e não tenho nenhum interesse de conchavos que eventualmente sejam de minha consideração como duvidosos.

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 20/12/2016
Reeditado em 20/12/2016
Código do texto: T5858510
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