TODA EU

Minha vó Amélia foi quem sugeriu à minha mãe que me chamasse de Emiliana. Gosto do apelido diminuto e me identifico com ele, mas admito que sinto um bom arrepio quando alguém me chama pelo nome todo.

Eu, sempre tímida desde a infância, perdia muito pouco do que era dito enquanto permanecia em silêncio. Olhos grandes e atentos, aprendi com isso a falar muito também. Dá uma intimidade pra você ver. Tais comportamentos tão distintos sempre me renderam bons apelidos. E para ajudar, sou pequena. Um metro e meio de meninice em toda idade e um par de pés que faz jus ao tamaninho do corpo. Miúdos.

Dentre tantos apelidos, um dia me chamaram de fria e esse me causou um certo desconforto. Mas partiu de uma pessoa amarga e cheguei a considerar que era mais problema nela do que em mim, embora nunca o tenha esquecido. Depois, me chamaram de Capitu achando que seria ofensa e eu ri satisfeita por dentro. Essa pessoa certamente viu algo diferente em mim, só não soube analisar. Sorte minha, azar o dela.

Um Q de mistério? Aprecio!

Quisera que todas as conjunções vogais para me chamar mescladas com meus inversos: timidez e risada alta, fizessem de mim uma pessoa que chorasse mais pra fora do que pra dentro. Quisera que cada primavera não nos roubasse uma quimera.

Com qual de mim você tem lidado? Eu não sei. Mas lhe garanto que o coração é um só, e ele não tem nada a ver o tamaninho do corpo. Combina mais com os olhos.

ÚLTIMA QUINTA DO ANO. QUE 2017 SEJA LINDO PARA TODOS VOCÊS. ABRAÇOS.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 29/12/2016
Código do texto: T5866421
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