Manhã de outono

Era mais uma manhã de outono, estava sentado enquanto assistia pacientemente, pela janela, ao cair das folhas, que outrora já tivera vida, em seu profundo e morto tom de amarelo ocre. Naquele instante, fui arrebatado pela mais forte e maior onda de monotonia enquanto gotículas de chuva começavam a marcar o vidro da janela pelo lado de fora e comecei a pensar acerca da minha existência. Percebi que eu era como uma daquelas gotículas, caí no mundo, estou aqui para traçar uma trajetória e assim chegar até o trágico fim, que nem as gotas que caem na janela, seguem por linhas e se extinguem. Desta forma, pude ver que a vida é mera perda de tempo, mas, mesmo assim, não poderia deixar de viver e então, dei uma última olhada no tempo lá fora, levantei-me, respirei fundo e decidi que, daqui pra frente, faria o possível para fazer com que essa "perda de tempo" ao final tivesse algum sentido e que em meus últimos segundos nesse mundo, eu pudesse me recordar de tudo que fiz e falar orgulhosamente: Eu vivi.