“Snoopy, desculpe.
Não sei o que se passa na cabeça de alguém que decide arrancar a sua orelha, que tipo de prazer mórbido pode ter um sujeito em “zuar” com você.
Eu sei, falta de ensino básico. Falta de ensino médio. Falta de livro. Falta de abraço. E muita falta de imaginação.
Imaginação para apreciar um beagle aviador pilotando uma casinha de cachorro.
Imaginação para ser gentil, para votar direito, para não escrever merda na internet, para respeitar o assento de idosos no ônibus, para recolher o cocô do pet, para não se apertar no metrô, para não pedir a volta da ditadura, para não maltratar o garçom e para não arrancar a orelha do Snoopy.
A falta de imaginação, Snoopy, vai condenar essa gente ao pior tipo de miséria. Não tem a ver com grana, nada disso – até porque eu não me surpreenderia se o sujeito que decidiu depredá-lo for um desses herdeiros cabeça oca.
A falta de imaginação condena essa gente toda a viver numa miséria diferenciada, uma gente enclausurada dentro do próprio corpo, sem capacidade de abstração, sonho, delírio ou transcendência.
Gente sem imaginação morre bem antes do coração parar, do cérebro desligar ou nao descer. Gente sem imaginação é pura mecânica. Espantalhos do asfalto, massa congelada que apodrece na janela (gente que só consegue ver a banda passar se ela, de fato, estiver passando).
Snoopy, desculpe outra vez.
Quando essa carta chegar, você já deve estar sem outra orelha, coberto de chiclete, rabiscado e detonado. Infelizmente, vai ser assim.
E sabe por quê? Porque gente sem imaginação precisa se expressar de alguma forma, precisa colocar pra fora uma angústia que eles nunca vão conseguir entender direito.
Gente sem imaginação é violenta. Gente sem imaginação é o nosso pior sintoma.
Gente sem imaginação é o pior problema do meu País, Snoopy. É pior que a nossa crise econômica, política e ética. Nosso fundo do poço é essa falta de imaginação.
Não repara, Snoppy. Fica bem.
Já já isso passa.
Eles passarão. Você passarinho. Não, não. Passarinho é o Woody…
Manda meu abraço para o Charlie também.
Abração.”
Não sei o que se passa na cabeça de alguém que decide arrancar a sua orelha, que tipo de prazer mórbido pode ter um sujeito em “zuar” com você.
Eu sei, falta de ensino básico. Falta de ensino médio. Falta de livro. Falta de abraço. E muita falta de imaginação.
Imaginação para apreciar um beagle aviador pilotando uma casinha de cachorro.
Imaginação para ser gentil, para votar direito, para não escrever merda na internet, para respeitar o assento de idosos no ônibus, para recolher o cocô do pet, para não se apertar no metrô, para não pedir a volta da ditadura, para não maltratar o garçom e para não arrancar a orelha do Snoopy.
A falta de imaginação, Snoopy, vai condenar essa gente ao pior tipo de miséria. Não tem a ver com grana, nada disso – até porque eu não me surpreenderia se o sujeito que decidiu depredá-lo for um desses herdeiros cabeça oca.
A falta de imaginação condena essa gente toda a viver numa miséria diferenciada, uma gente enclausurada dentro do próprio corpo, sem capacidade de abstração, sonho, delírio ou transcendência.
Gente sem imaginação morre bem antes do coração parar, do cérebro desligar ou nao descer. Gente sem imaginação é pura mecânica. Espantalhos do asfalto, massa congelada que apodrece na janela (gente que só consegue ver a banda passar se ela, de fato, estiver passando).
Snoopy, desculpe outra vez.
Quando essa carta chegar, você já deve estar sem outra orelha, coberto de chiclete, rabiscado e detonado. Infelizmente, vai ser assim.
E sabe por quê? Porque gente sem imaginação precisa se expressar de alguma forma, precisa colocar pra fora uma angústia que eles nunca vão conseguir entender direito.
Gente sem imaginação é violenta. Gente sem imaginação é o nosso pior sintoma.
Gente sem imaginação é o pior problema do meu País, Snoopy. É pior que a nossa crise econômica, política e ética. Nosso fundo do poço é essa falta de imaginação.
Não repara, Snoppy. Fica bem.
Já já isso passa.
Eles passarão. Você passarinho. Não, não. Passarinho é o Woody…
Manda meu abraço para o Charlie também.
Abração.”
Snoopy Brasil
sentindo-se chateado.13 de janeiro de 2016 às 13:14 ·
Memória entregue ao vandalismo - João Pessoa-PB
Na Praça do Caju, no anfiteatro Zé Ramalho, as letras do nome do artista foram arrancadas.
Na estatua de Jackson do Pandeiro o rosto é pintado com tintas. Falta de respeito!
Janeiro/2017