PAÍS DO FUTEBOL

Lá vai a bola saltando, rolando de pé em pé. Lá vai meu povo vibrando, vivendo de fé em fé. Lá vai o rico e o pobre – intelectuais e analfabetos – Analfas (...) de mãe e Betos (...) de pai. Driblando e sendo driblados, quebrando o vazio caótico de feriados lacônicos. Preenchendo, com o caos, as lacunas da vida. São MisterM’s de araque; Super-Heróis, na geral –fantasiados. Tentando esquecer a dureza da lida, enquanto envolvidos com seus deuses nos gramados.

Lá vai meu povo, num mundo de faz de contas! (...) Espantando a tristeza e exorcizando a verdade. Goleado na dignidade, sobrevivendo pelas pontas. Para quem perdeu a esperança, esperar já é um grande achado. Esperar que venha a ereção, na malandra ginga de um craque. O orgasmo múltiplo, no espasmo inconseqüente de um gol – de um gol qualquer – de qualquer um; de qualquer jeito. Da vida, do tempo, da sorte, do vento...

É Goooooooool!!!

Agita a bandeira! Sacode o gramado. Beija a camisa e grita um lema um tanto engraçado...

“Cidadão sofredor! (...) Mas, torcedor apaixonado!”

Lá vai meu povo, de novo! (...) Em busca do “Pai nosso que estás nos céus”. De uma reza qualquer, da “Ave Maria” (...) do “Pão nosso de cada dia”. Disfarçando a tristeza, fitando a fantasia. Driblando a realidade, marcando a alegria. Torcendo, sofrendo, vivendo tudo de novo.

É Goooooooool!!!

Pula, agita, explode a geral e (...) grita! “É Mengão, é Timão, é Vascão (...) é Seleção! – Salário mínimo? (...) Que nada! A gente faz embaixada! Mata no peito e emenda, e daí se roubaram a merenda? A escola, o tempo, o futuro (...) O descaso vira piada, enquanto houver um juiz e uma mãe pra ser xingada.

Deixem o meu povo feliz, aproveitem a marmelada:

“Ah! EU TÔ MALUCÔ... Ah! EU TÔ MALUCÔ!”