Quem é você?

- Quem é você?

Indagado pelo meu flatmate(companheiro de moradia) esta manhã durante um café, confesso que titubeei um pouco.

Não por não saber quem sou eu. Mas por me dar conta que ninguém realmente sabe.

Tendemos a dizer que somos algo que fomos no passado. Ou trazer nossas responsabilidades como algo que nos definem.

Ou pior, tendemos a dizer para os outros o que queríamos ser ou acreditar que somos - mesmo que saibamos que não.

Acabei por me ver surpreso em quão desconexos somos com nós mesmos. Quantos não carregam uma definição de sí mesmo?

Após mentalizar todas estas questões em segundos, respondi com um sorriso:

- Eu vou ter de descobrir hoje de novo, como eu fiz ontem.

Como alguns detalhes da língua portuguesa são perspicazes, acho que não deveríamos usar o "é", para definir uma pessoa. Na verdade ninguem é. o "é" é estático. Imutável. Mas nós não somos estáticos e esta é a graça da vida. Nós mudamos, nos reinventamos, vamos contra tudo o que pensamos ser verdade. No máximo "estamos" algo. Mas amanhã, podemos não estar mais.

De fato, a caminhada da vida nos faz mudar. você olha para você mesmo cinco anos atrás. Você "estava" aquela pessoa. Ela não lhe representa mais.

Inconscientemente, usar o "é" não lhe permite perceber que outras pessoas mudam também. Talvez você odeie uma pessoa que nem têm mais o mesmo pensamento de outrora no qual você detestava. Mas para você, ela "é" aquilo. E com isto, oportunidades de novos laços se perdem.

Não sei você, mas eu estou pensando seriamente em daqui pra frente responder "graças a Deus eu não sou". Afinal, já imaginou que desperdício de vida ser igual e imutável pra sempre?

Marcello Morettoni
Enviado por Marcello Morettoni em 09/02/2017
Reeditado em 09/02/2017
Código do texto: T5907164
Classificação de conteúdo: seguro