Ouse Pensar Como os Idiotas
É preciso refletir, observe que ao seu redor há mais do que julga a sua percepção distraída. Não! Não ande sem olhar a sua volta, os carros, os passarinhos, as pessoas, os buracos na calçada, os percalços e toda sorte de obstáculos são parte do ambiente em que você está imerso.
É preciso embriagar-se desse conteúdo, mas, não inteiramente, sorva-o em pequenas porções. Não sejamos expectadores cegos, seguidores de ídolos facínoras, de usurpadores da pátria, de detentores de toda a verdade. A verdade é inteira, mas apreendemos aos retalhos, não é possível guardá-la em caixinhas de rapé, então vá administrando o que você sabe sobre a verdade, e não deixe afetar pelo soar dos burburinhos insolentes e néscios.
Não há somente uma versão dos fatos, aquela que a sua paixão elegeu como a rotunda verdade(1) examine o que pensam aqueles, que você pensa serem seus inimigos, ouse ouvir o discurso dos idiotas, às vezes, o idiota da sapiência(2) tem muito a ensinar aos apreciadores das próprias máximas. Em tempos de liquefação de todos os princípios é importante a observação mais acurada, as rupturas consigo, a permissão para conhecer além de si.
Os assuntos de falam a TV, as primeiras páginas dos jornais, o slogam do marqueteiro do momento, essas ferramentas devem ser alvo de desconfiança, sim, desconfie de todo bom mocismo, de toda impiedade travestida de bem aventurança, disso eles entendem. Então tenha a autarquia da suas próprias decisões, se possível. Tomar decisões, esse assunto sempre me leva a pensar... Será que é possível esse feito? Com tantas informações e modelos pré estabelecidos nos sufocando, é um exercício de artesão.
Mesmo que todas as fontes lhe pareçam serem honestas, discorde de algumas, consulte uma segunda opinião, dialogue com os que você desconsidera o pensamento. Ouse pensar como os idiotas!
Sebastiana Inácio Lima (Diana) é Professora de Filosofia, graduação na UEPB, mestranda na UFPB em andamento.
1. Referência ao poema de Parmênides de Eléia.
2. Referência a obra de Nicolau de Cusa: Idiota de mente, Idiota de sapientia, Idiota de staticis experimentis (1450).