SEPULTURA NO BIG FOUR AMERICANO?

O Sepultura, após mais de três decadas, ainda é a banda de Heavy Metal mais bem sucedida do Brasil. Não há dúvidas quanto à isso. Sepultura tornou-se uma marca vendável e comercial. Houveram bandas muito importantes como Viper, Sarcófago, Overdose, Shaman, Dr. Sin e Korzus, mas que não conseguiram alcançar tamanha projeção internacional; muito embora, Viper tenha sido sucesso absoluto no Japão, nos anos 90, e o Shaman contasse com André Matos, músico consagrado recém saído do Angra. Falando em Angra, esta banda ainda têm a sua devida relevância atualmente, e o Krisiun, metal extremo primoroso, parece querer trilhar rumo ao topo também.

Mas voltando aos ruídos de Minas Gerais, ninguém apostaria no Sepultura em seu início. A banda criada pelos irmãos Cavalera em 1984, começou a tomar forma alguns anos depois, após a entrada de Andreas Kisser na guitarra, o que culminou no lançamento do álbum Schizophrenia. Foi um disco que abriu as portas internacionais para a banda. Os álbuns seguintes, Beneath the Remains e Arise, se tornaram clássicos indiscutíveis. Posteriormente, a banda aposta nas batidas tribais e no groove com o álbum Chaos AD. Sinônimo de sucesso, o álbum fez com que a banda tocasse nos maiores festivais americanos e europeus, arrebatando cada vez mais fãs pelo mundo.

Não contente com toda a projeção alcançanda, o Sepultura lança o controverso álbum Roots. Nesta obra, o tribalismo é levado às últimas consequências, o nosso regionalismo sonoro torna-se mais evidente e o New Metal resolve se fundir com o groove ultra-pesado do grupo. Resultado: Um cd com altíssima vendagem, álbum multiplatinado e muito elogiado pela crítica. Embora os fãs puristas tenham torcido a cara, não pode se negar que o Sepultura, neste momento, tenha se tornado realmente GRANDE.

A banda não fez uma turnê muito extensa com o álbum, devido à saída de Max Cavalera. Devido às divergências internas, o vocalista e fundador resolve deixar a banda em seu auge. Vinte anos se passaram e o Sepultura conta com novos integrantes, o vocalista Derrick e o baterista Eloy. Estes ajudaram a construir o cd Machine Messiah, último álbum da banda. Muitos consideram o melhor trabalho desde a saída de Max. E eu sou um deles. Além da sonoridade, a produção está impecável. Mas , sem dúvida, até chegar neste ponto, a nova formação veio tateando, experimentando e com extrema dedicação e profissionalismo, voltou a arrancar novos elogios da crítica especializada.

Todavia, nada do que Andreas Kisser & Cia. tem feito aplacam os ânimos do saudosistas da fase áurea do Sepultura (1984-1996). Aliás, Max Cavalera, como principal criador de riffs, tinha uma característica muito particular de composição, o que foi evidenciado após sua saída. Mas afinal, onde o Sepultura teria chegado se o seu frontman não saísse da banda? Bem, é óbvio que não estaria no Big Four do Thrash americano, pois a banda é brasileira. O título desta crônica, aliás, é apenas uma provocação rs. Mas, com toda a com certeza, estaria em 'pé de igualdade' com Slayer e Megadeth e, possivelmente, teria maior alcance que o Pantera. Anthrax não seria páreo, mas contudo, o Metallica continuaria ainda sendo a banda mais popular. Isso tudo estava projetado para uma banda brasileira, num país que desvaloriza seus artistas e aplaude com estusiasmo o que vem de fora. Sem dúvidas, o Sepultura marcou território e deixou o seu legado impresso.

Toda essa história nos remete também aos valores espirituais que estão inseridos em cada uma das decisões que tomamos na vida. Caso houvesse diálogo e disposição para perdoar; se houvesse tempo hábil para demonstrar paciência quando o ponto de vista alheio fora divergente; se a meta futura da banda fosse profissionalmente medida, ao invés da demonstração pública de orgulho demonstrada. Bem, se isso tudo ocorresse, a história seria outra.

André Nasser

André Nasser
Enviado por André Nasser em 15/02/2017
Reeditado em 15/02/2017
Código do texto: T5913428
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