Onde estão os poetas?

Os poetas, seres que sentem o mundo de maneira sublime, pensam as coisas sem essa carga de preconceito e dureza, enxergam as calamidades com um olhar de esperança e conseguem ver ordem no caos. Apesar de existir ‘uma pedra no meio do caminho’ não tira a beleza de seu verso, nem apaga sua palavra criadora.

Onde estão os poetas? Aqueles seres sensíveis, sabedores das antigas práticas, os poetas que o povo respeitavam, aedos que pronunciavam-se diante do seu povo, influenciava-os, versavam sobre todos os saberes que os circundavam. Os poetas fugiram, saíram pela tangente do ostracismo, foram sucumbidos pela falta de leitores, de ouvidos atentos.

Em tempos de calamitosa invasão tecnológica, como sentir o cheiro de um livro? Há pessoas que nunca leram um livro inteiro, e deliciar-se com boa poesia é algo que surge de dentro para fora, é preciso perceber-se como um sujeito que ama poesia, um leitor ávido pelo sabor fantástico das palavras em versos. Se os poetas estão desaparecendo, nós somos os culpados, somos os algozes dessa violência, surramos o seu verso quando deixamos empoeirados na estante.

Há quem pense que comprar um livro de poesias seja fazer um favor, afinal, quem mais lê livros? Será um viveiro de ácaros, não há tantos leitores dispostos a tirá-lo da estante, sentar em uma poltrona, colocar sua caneca de café ou sua taça de vinho e apreciar cada verso ao sabor da sua bebida preferida, a pensar, viajar, abstrair com as palavras escritas.

Se os poetas desaparecem a cada dia, somos os Judas Iscariotes, que estamos traindo o trabalho, a arte e a sensibilidade dos nossos irmãos. Será que deixaremos que toda a beleza poética desapareça ao sabor da névoa ácida da tecnologia? Seremos robotizados, perderemos uma das mais nobres manifestações de saber, de conhecimento, ternura e sensibilidade?