OS RUÍDOS DENOTATIVOS E CONOTATIVOS DA ESCOLA ("Não reclame do barulho quando a sorte lhe bater a porta." — Farmer's Digest)

Nunca pensei sofrer tamanha perturbação, em época de segurança no trabalho, como tem acontecido na hora da aula. O problema é os que se cobrem com o manto de ajudador e prejudicam muito com seus motivos aparentemente nobres. Dessa vez, o funcionário da prefeitura aparando a grama do pátio escolar, com seu motor a gasolina rompendo todos os limites confortáveis, ele usava um abafador de ruído nos ouvidos, passeando em frente da porta das salas na hora da aula e não nos deram uma proteção. Não se podia fazer nada, nem ler, nem falar, pois ele estava fazendo o trabalho dele E EXIGINDO RESPEITO e admiração. Que HARMONIA ADMINISTRATIVA É ESSA, enquanto a Prefeitura e a Secretaria de Educação se atrapalham?

Em outra ocasião recente, uma colega recebeu indenização por ter o carro danificado com pedras lançadas por aparador de grama no pátio da escola, onde se estacionam os carros dos funcionários que ficam no mesmo espaço dos alunos. Uma grama aparada é bonita, mas não é urgente, podia um pensador com princípios educacionais agendar o trabalho para o Sábado não letivo.

Já presenciei também na hora da minha aula, homens ligando a furadeira com um barulho infernal, fixando os ventiladores, atrapalhando até a quarta sala daquele pavilhão. Então, o som de "makita" e de marteladas é comum dentro da sala de aula, além do barulho das crianças que gostam da farra. Por que eles têm de se mostrar trabalhando, não basta entregar o trabalho bem feito? Todavia, perturbando, é melhor!

A liderança da escola não pode dispensar os alunos nem nesses dias improdutivos. Por isso, enquanto não se pode adiar a poda da grama nem a reforma da instalação elétrica, eu continuo questionando o respeito ao nosso trabalho. Quem manda não se importa em submeter as crianças e professores àqueles níveis deseducadores de ruído. Uma prova de que a educação não é prioridade de ninguém, é, sim, palco dos maquiadores de prestígio. Continuo não vendo virtude alguma, quando um tem de prejudicar o outro só porque seu trabalho é "mais importante" e "urgente", mais do que uma tarde de aulas.

Agora já são nove horas da noite, e ainda estou com o barulho do tal motor na cabeça, certamente os alunos também; não é para menos, pois ficamos um período todo expostos. Mas, o que ensinamos nas aulas não dura tanto tempo assim, ecoando na cabeça dos alunos. E deveria...? Pois estes perturbadores também foram alunos, por pouco tempo, diga-se de passagem, mas foram, e perturbar é uma extensão do que deu certo para eles. Todavia, quem se importa com o crescimento e a saúde dos outros? Querem fazer sua parte, mesmo que na maioria das vezes destruindo a contribuição social dos outros. Concorrência até nisso: não é promissora.

Já que a educação não é prioridade de ninguém, eu sugiro que a gestão dispense os alunos até que o aparador de grama barulhento, transgressor dos limites permitidos de decibéis, faça seu trabalho, que muitos consideram mais importante que estudar em paz. Afinal, ele é importante mesmo, dando uma boa aparência, só paliativa no que precisa ser melhorado em todos os aspectos. Alivia momentaneamente, mas não é capaz de curar ou resolver os problemas da Educação, que vive de aparência.