A HORA

No presente já não mais neste instante, olho a hora e o relógio cobra o dia que se finda.

O lampejo dos últimos raios solares reflete no vidro embaçado da janela, pequenos ramos sem folhas. A voz do vento por entre as frestas sussurra que a noite vai ser fria. Os arbustos irregulares em tamanho e em tons de cor balançam como que em um bailado eterno.

As nuvens densas carregam ainda mais a tonalidade cinza desta cidade. Na Avenida Paulista as pessoas fogem da grande encenação de suas vidas e procuram nos cinemas a intuição de que será possível aguentar o amanhã de uma tradicional segunda feira. O sorriso amarelo do jornaleiro da esquina traduz bem sua pouca intimidade com a sua fria freguesia.

Puxa é hora! Tenho de ir-me....

(20/09/1987)

Ricardo Brown
Enviado por Ricardo Brown em 18/02/2017
Reeditado em 20/02/2017
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