E se..

Dizem que todo mundo que passa por nossas vidas - especialmente aqueles que não ficam (e, obviamente, os que a gente mais gostaria que ficassem) - é para nos ensinar alguma coisa que deveríamos aprender. Dizem ainda que ninguém chega por acaso, que alguns são presentes, outros testes e outros ainda uma lição. Mas que ninguém, em absoluto, passa somente por passar.

E analisando a minha vida dentro desse contexto, tenho certeza que, já fui presenteada com muitas pessoas especiais. Nem todas elas ficaram ou permanecem, mas só a lembrança delas já me coloca um sorriso de gratidão no rosto. A outras sou grata pelo quanto me fizeram crescer, fortalecer e reconhecer o meu potencial em superar e seguir em frente, sempre buscando ser feliz. Fui testada e acho que posso dizer que passei com méritos. Já aquelas que vieram para me ensinar alguma lição, por vezes boas, por vezes nem tanto assim, também tenho muito a agradecer, pois foi através delas que consegui me enxergar de uma forma melhor e mais clara.

Mas, o fato aqui, e o que mais me intriga e me põe louca a procurar uma explicação, é que entre todas elas - as que foram ou ficaram, as que permanecem ou as que vi partir - existe você ali, como um icônico ponto de interrogação. Astuto, bonito, quase selvagem. Alegórico. Fechado. Antagônico. Calado. Pesado e indecifrável. E eu, aquariana racional que sou, fico aqui tentando encontrar uma lógica em ti, em mim, em nós, no que vivemos, no que deixamos de viver, no que sentimos e no que não consigo parar de sentir; enquanto você segue, "serenamente indiferente" a minha existência, a sua vida.

Penso, com absoluta certeza, que num dado momento você me veio como um presente da vida. Lindo, sorridente, jovial. Encantou-me desde o primeiro olhar até o primeiro beijo e a forma de falar em "amor a primeira vista como nos filmes". Tolamente cedi a todos os seus encantos e me envolvi, envolvida me apaixonei e foi aí que parece que de presente você se tornou um teste. Testou todas as minhas resistências, mesmo sem saber que o fazia. Mesmo quando eu, estúpida e burra, dizia não existir amor de minha parte; quando eu dizia não querer namorar ou que você não iria me machucar; quando pedi para que não tivesse medo e quando afirmei que não iria sofrer. E parece que é real aquela máxima e que muito pouco sabemos da vida, eapecialmente quando "espertamente" consideramos saber demais. E eu que achava que sabia tudo e que estava no absoluto controle da situação vi tudo desandar diante de mim. E muito por culpa única e exclusiva minha! Eu que banquei a durona e a desapegada. Tão tola eu não sabia nem tinha o controle de nada. Eis que o feitiço virou contra o feiticeiro e foi aí que você se transformou na fase chata e ainda incompreendida de ser alguma forma de "lição" em minha vida.

É claro que eu "aprendi" (e aqui coloco entre aspas, porque ainda não tenho certeza se de fato eu aprendi mesmo tanto quanto precisava) algumas coisas contigo. Especialmente "aprendi", que como você me dizia e repetia, "e se" não existe e tudo o que eu projetei pra um futuro contigo ou as suposições que eu teimava em levantar ficaram num espaço vazio do tempo que jamais existiu. Simplesmente porque "e se" não existe e, como eu já achava que sabia, o tempo não volta pra consertar as burradas que a gente faz. Portanto, reafirmei as sempre tão incertas certezas de que expectativas são frágeis e burras. Só existe o hoje, o aqui e o agora e planejar o amanhã não nos da segurança ou garantia alguma.

Também deveria ter aprendido com a tua passagem que paciência é uma virtude por vezes necessária, mas a verdade é que sigo tendo pressa e sigo metendo os pés pelas mãos. Mais uma vez a aquariana impulsiva fazendo alvoroço dentro e fora de mim.

No mais, de tudo ficou um medo, tão absurdo - eu sei - quanto grande, de me envolver novamente. O que de alguma maneira também pode ser lição, de ir com um pouco mais de calma antes de entregar meu coração para alguém; ou apenas desculpa de quem não quer se machucar outra vez; ou apenas teimosia de quem insiste em achar que essa história devia - e deve - ser diferente e não quer nenhum outro ocupando um lugar que encasquetou que deve ser seu. Como uma amiga me diz, talvez eu não me ajude tanto quanto devia, mas como é que faz mesmo para arrancar alguém de dentro do nosso coração?! Como faz pra ajudar a se ajudar?!

Bem, eu sigo sem saber. Sigo sem te esquecer. Sigo sem entender o que aconteceu. Sigo sem aceitar. Sigo achando que mereço explicações. Sigo buscando clareza. Sigo tentando encaixar os pontos. Sigo ansiando te ter de volta pra mim. Sigo me sentindo culpada. Sigo desejando a tua redenção. Sigo tentando aprender a lição...

Mas quer mesmo saber? Eu ainda não aprendi direito! Eu ainda não aprendi nada!

Volta pra me ensinar?!

MAMagni
Enviado por MAMagni em 22/02/2017
Reeditado em 22/02/2017
Código do texto: T5920441
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