ACULTURAÇÃO MUSICAL BAIANA

ACULTURAÇÃO MUSICAL BAIANA

Por: JOSÉ JOAQUIM SANTOS SILVA

Como dizia o saudoso baiano roqueiro Raul Seixas.

“Falta de cultura pra cuspir na escultura”

Meus amigos e colegas escritores, cada dia que passa nesta cidade, posso perceber como Jorge Amado era mais que um bom escritor e uma pessoa de alto nível cultural e cidadão respeitado e amado por todos.

Era também um bom guerreiro. Ao contrário do nosso querido irmão baiano Dorival Caymmicompositor e cantor de altíssima qualidade com uma belíssima voz incomparável, creio eu que ele com sua galhardia peculiar jamais se acostumaria obrigatóriamente por causa dessas FMs fajutas classe "z", ouvir tanta bebediçe e besteriçe musical recheadas de erros grosseiros de português aqui na boa terra.

Mas, o nosso bom e amado Jorge sobreviveu à essas insanidades musicais que dizem estar levando o nome da Bahia para fora, e permaneceu aqui, em meio a tanta inércia aculturada desse povo da nossa terra chamada Bahia, terra do instrumento de uma corda só ou daqueles tambores barulhentos tocados por gente que não sabe para onde vai, ou para onde vem, navegando nas águas da dissonância tentando impressionar os turistas ainda que atônitos diante de tanto bambaquerê, onde os lançeiros, sacizeiros, taxistas tendenciosos e menores infratores por alí "mixados" fazem a sua festa própria, para o bem dos seus bolsos.

Ele o Jorge sim, era como uma gota dágua pura mergulhada em um mar de breu, ou em águas enegrecidas de um manguezal musical, mas sem perder a sua verdadeira essência, ou porque não dizer, como o saudoso e gente boa o cantor e compositor Ederaldo Gentil do bairro de Itapoã em uma canção célebre "o ouro e a madeira" cujo um trecho diz assim * O ouro afunda no mar, madeira fica por cima, ostra nasce no lodo tirando pérola fina*....

Assim como Jorge, existe uma meninada nova ou de compositores e cantores como Carlinhos Brown que não se corromperam com esse vício musical de ficar produzindo porcarias e intitulando como "musica baiana", retirando pérolas finíssimas de suas cabeças, sem precisar pagar "jabá" às FMs classe "Z" para toca-las.

Aliás, Carlinhos Brown deveria dar aulas de música lá no bairro do Candeal em Brotas para muito cantorzinho de merda que tem por aqui infectando a nossa Bahia. Ele tem muita bagagem para isto. Parabéns Carlinhos, se não fosse você, a nossa cultura musical já teria sucumbido ainda mais, com tanta musiquela de palavrão interpretada pela banda podre do subúrbio incitadora de sexo e violencia, e outras musiquelas de depressão interpretadas por capiaus que infelizmente se instalaram aqui e se deram bem com suas canções tétricas.

Assim, os capiaus daqui que moram recentemente ou à muito tempo, gostaram, aplaudem compram e ouve reiteradamente arrombando ouvidos incautos.

Mas meus amigos, nem tudo está perdido não. Enquanto existir emissoras de FM classe "A" como a Globo FM 90,1 e a Grande Radio Educadora da Bahia 107,5, nunca deixaremos de ouvir pérolas, cuja as mesmas são como antídoto contra essa corja de aventureiros que se auto-intitulam "artistas". Como esses arrocheiros e pagodeiros de plantão.

Os arrocheiros, a serviço da "depressão popular" e crimes passionais (eu repito) e os pagodeiros a serviço da bagunça, da desordem e desvalorização da mulher (que se dá valor).

Lembro-me que à muito tempo, que a Câmera de Vereadores da Salvador há algum tempo atrás havia sancionado uma lei, ou um decreto municipal que determinava que as FMs de Salvador especialmente as FMs Classe "Z" exibissem em sua programação musical 80% de musica baiana, um tal de "Som das Praias". Músicas fruto da terra! Você acredita nisto? Quem aguentaria isso?

Talvez as músicas axé da década de 80 a 90. Aí sim tinhamos qualidades, eramos felizes e não sabiamos, e a lista é grande de cantores de verdade e não dá para listar.

Começando por Luis Caldas, Durval, Missinho, Silvinha Torres, Banda Mel, Banda Reflexus, Sara Jane, Virgílio Carlos Pita, Ricardo Chaves, a Côr do Som, Trio Dodô e Osmar, é muita gente boa mesmo.

Me permitam ser extremamente determinista - Será que os vereadores tinham o interêsse de propagar esse lixo de hoje? A imoralidade nua e crua? A menos que eles não quisessem reeleição.

Além do mais, em meio a tanto porco reunido acaba virando uma verdadeira porcaria não é?

O que acontece hoje na musicalidade da Bahia é o reflexo do nosso povo caracterizado com a falta de cultura.

Um alto índicie de ociosidade pelas esquinas e bares.

Um alto índice de evasão escolar noturna.

Uma educação familiar pobre.

Uma educação acadêmica pobre e carente de valores.

Uma população se chamando de favela diante de um trio eletrico, com um cantor drogado fomentando violência e ainda por cima dependendo do dinheiro do bolsa família para comprar cervejas, cachaças e até drogas.

Infelizmente, hoje aqui em Salvador e em todo Brasil, temos uma coleção de valores e ideais pobres desprovidas de horizontes.

Some tudo isto e o resultado será uma cultura variada, misturada,

dimensionada mas pobre do mesmo jeito. Pobre de conceito. De idéias, de sentido.

Eu não gostaria de expor apenas o pagode. que neste Estado é sinônimo de baixaria, de música de periferia, de música de pobres, de música de pessoas desprovidas de algum discernimento cultural, ou de música daqueles que tem por interesse apenas escutar algo de caráter sexual. Mesmo porque essa miscelânea da ignorância e da rarefação do

bom senso, já está se estendendo a outras categorias musicais a exemplo do forro, do axé etc etc.

A catástrofe de fim de ano da qual vivenciei, aconteceu ao longo do Litoral Norte – na conhecida linha verde, praias paradisíacas, o dia geralmente ensolarado quase perfeito.

Quase....

Ao longo de qualquer barraca de praia, onde há música.

É possível ouvir através do som de um veiculo, de algum imbecil anônimo em alto e bom tom :

"Ah!kiku gostoso, kiku lindo, ou todo enfiado" ou "vou te comer , vou te comer, rala a tcheca no chão..."

Pior é possível ver homens e mulheres dançando primitivamente estas músicas, estas depravações musicais animalescas, com movimentos puramente sexuais em plena luz do dia.

Ora, por mais que se goste de sexo, o fato não é apenas o ato mais o contexto.

Tenho filhos graças a Deus, um casal maiores de 25 anos que não curtem esse tipo de sacanagem mesmo. Nem que Titãs, Raul Seixas, Paul MaCcartney, Eric Clapton e Robert Plant Black Sabath e Foreigner cantassem esse tipo de podridão.

É claro que não e impossível mas me sentiria ofendido se fossem menores.

Pois, como adultos, filhos ainda são capazes de filtrar a informações que o ambiente fornece, mas as crianças... são apenas vítimas nesta catástrofe.

É preciso um trabalho de paciência a longo prazo lhes instruindo que isso ou aquilo não se deve fazer, ouvir e falar.

Afinal ouvir o que não presta já está se tornando algo costumeiro e contumaz aqui em Salvador esta terra de migué que cada um faz o que quer.

Alias, já se tornou cultura do baiano forçar as pessoas a ouvir o lixo que ele consome.

Muitas pessoas, por exemplo, que alegam não ter dinheiro para pagar uma consulta com um bom médico, gastam 4 / 8 mil reais em equipamentos de som, apenas para ligá-lo no volume mais alto, transmitindo para todas as dimensões do espaço a sua falta de bom gosto e respeito.

Ai eu pergunto aos sociólogos esquerdistas, que com certeza irão me criticar, onde está a manifestação cultural? Desde quando a falta de educação é uma manifestação cultural? Pode ser até uma conseqüência mas não a causa.

Interessante, é que eu já escrevi muito sobre esse assunto, a situação está insuportavel, a baixaria, a falta de educação, a imoralidade, a falta de pudor das mulheres desclassificadas que ainda prestigiam essa escória através das suas coreografias sexuais, e sem se conscientizar que essas músicas não dizem nada, nada, é uma idiotece só. inginorantes ligam o som no mais alto volume sem respeitar os demais.

Um absurdo.. o pior é que só tende a piorar mais ainda.

Esses maus elementos estão pedindo limites e ninguém lhes dá, e assim vão manchando o nome da nossa Bahia !!!

JOSÉ JOAQUIM SANTOS SILVA

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José Joaquim Santos Silva
Enviado por José Joaquim Santos Silva em 22/02/2017
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