Morte
Meu primeiro contato com a morte não me chocou, apenas me amedrontou, depois tornou-se um mistério. Hoje a morte é uma passagem, mas nem por isso sofro menos que outras pessoas.
Quando descobri a existência da morte, fiquei chocada, pois passei a ter muito medo de perder quem eu mais amava na infância, minha avó materna. Quando descobri, então, que crianças morriam, ah, meu Deus, fiquei muito chocada! Eu deveria ter uns 4 ou 5 anos e vi por alguma reportagem certamente do Globo Repórter e, depois, minha mãe me explicou que qualquer pessoa poderia morrer. Isso, realmente, foi muito chocante para mim!
Depois a morte tornou-se um mistério, quando percebi que as pessoas morriam, mas não deixavam de existir, pois continuavam a ser em espírito. Isso foi depois de ver a primeira pessoa morta, menos mal, que não era da família, já que eu era assim tão impressionada. Mas era uma vizinha muito próxima, eu gostava muito dela e passava horas conversando com ela no seu comércio. Mas sua passagem me amedrontou um pouco, pois como minha família é católica e não entendia, na época, certos fenômenos, eu me assustei ao perceber que as pessoas não deixam de existir, elas se transformam. Mas minha mãe insistia em dizer que isso era coisa de criança.
Mais tarde, aos 12 anos, sofri um abalo muito forte mesmo. Foi mais forte pelo impacto espiritual. Fui avisada antes do acontecimento. Fui avisada depois, mesmo sem compreender direito a mensagem espiritual. Fui avisada no caminho... Cheguei e vi, mas não pude crer. Eis que minha colega de turma, colega de curso tinha feito a passagem...
Passados 20 anos ainda me recordo dos últimos momentos com ela como se tivessem sido ontem. Ainda me recordo como se tivesse sido hoje de manhã o impacto de vê-la sem vida. Nem éramos tão amigas, mas éramos colegas muito próximas, estudávamos juntas e da escola íamos para um curso à tarde. Senti-me tão culpada ao pensar que poderia ter ouvido a mensagem e impedido o acidente que a levou no domingo enquanto ia rumo à igreja, mas para não desobedecer minha mãe, não quis desviar o caminho; contudo em sonho aprendi que quando é a hora nada se pode fazer. Se eu a livrasse naquele domingo, em algum dia próximo, ela iria embora de toda forma! Não há nada que possamos fazer para impedir o embarque no último trem.  
Alguns anos depois, tive de lidar e ajudar a minha melhor amiga, a minha amiga-irmã, a se despedir de sua mãe. Sua mãe também foi um pouco minha mãe, foi com ela que aprendi sobre o primeiro contato espiritual e tive as primeiras coordenadas espíritas, ela me emprestava os seus livros e conversava comigo sobre as leituras e sobre as minhas primeiras mensagens. Ah, que saudade! Hoje os girassóis, sua flor favorita, sempre representam para mim o caminho da luz espiritual. Também recebi uma mensagem interessante dessa minha mãe-postiça.
Muitos anos depois, tive de enfrentar a barra de me despedir do meu grande avô, o avô que me criou junto a meus pais. O melhor avô do mundo! O avô de quem eu serei neta eternamente se Deus permitir! Eu que, desde os 15 anos desenvolvo estudos espiritualistas e, desde os 22, trabalho com a espiritualidade, deveria tirar a morte de letra! Nunca! Nunca estaremos preparados o suficiente para deixar ir tão desprendidamente quem muito amamos, eu acho. Eu sabia que ele iria partir 6 meses antes. Incrivelmente ele estava saudável e fomos avisadas, eu e minha irmã através de um de meus Guias em consulta. De repente, meu avô adoeceu e rapidamente partiu. Muito orei e intercedi pela Misericórdia Divina para livrá-lo do sofrimento e perdoá-lo de todos os seus erros, afinal sou sacerdotisa e para algo muito bom isso tem que servir, já que eu vi que ele jamais poderia se levantar e ficar bom outra vez, seu câncer já estava em estágio terminal, tinha se espalhado do intestino para outros órgãos. Mas nem pelo meu conhecimento ou fé deixei de sofrer com a separação ou chorar. E eu sabia o medo que ele tinha da morte, e orava tanto para que os meus Guias trouxessem para ele um Povo que lhe transmitisse confiança para guiá-lo no caminho da luz. Chorei meses ainda. Sonhei com ele por alguns meses. Só de lembrar, às vezes, ainda choro emocionada com sua partida, pois apesar de triste, foi bonita, seus amigos e seus familiares estavam ali, foi uma despedida bem cheia de gente e ele ali, bem ao meu lado contente de poder se despedir de todos! Ah, meu avô, que pessoa maravilhosa! Hoje eu sei que ele está muito bem em um lugar muito bom, e espero que lá, e creio que deve ter sim muitas melancias e milhos para ele comer.

A morte sempre será assim, despedida e partida aqui. Recepção do outro lado. Todos, de acordo com a minha crença, têm familiares, amigos e protetores aguardando a chegada do outro lado onde muitas coisas acontecem – lá é um mundo como aqui é um mundo -. O nascimento aqui é despedida e partida lá. Recepção aqui. Tudo é questão de ponto de vista. Vivemos um pouco de cada lado. E sempre pode haver a comunicação entre os mundos.
Há os métodos das psicografias, mas há para quem é permitido o contato direto ou sonhos. Acredito em todos eles, mas sempre é bom ter cuidado e orientação com o uso das comunicações espirituais para não criar problemas de diversas ordens. Sempre é bom procurar ajuda especializada.   

Deus é magnífico! Tenha Ele o nome que tiver, Ele é magnífico e faz tudo perfeito. Amor e paz a todos, na terra ou nas diversas moradas do Pai.  
 
 
Marília Francisco
Enviado por Marília Francisco em 07/03/2017
Reeditado em 07/03/2017
Código do texto: T5933582
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