Uma barraquinha cheia de sonhos

Eu acredito em mundo melhor. Podem me chamar de inocente, de sonhador ou qualquer outra coisa, mas sim, eu acredito. Sou daqueles seres absurdos que sonham em montar uma barraquinha, no meio do nada, com um produto qualquer, uma balança e uma caixa.

Quem quiser, pode pegar o produto, pesar o quanto quer levar, deixar seu dinheiro e, até mesmo, pegar o troco na caixa. Ninguém vai fiscaliza-lo. Ninguém vai controla-lo.

Muitos dirão que não dará certo. Que o brasileiro não tem capacidade para tal coisa, que nós não conseguimos sobreviver sem fiscalização, que isso até funcionaria em outro lugar, mas não aqui. Me desculpem, mas eu não posso crer nisso, não, não posso aceitar.

Um dia eu farei isso, e não tenham dúvidas, dará certo. Por que eu acredito tanto nisso? Bem, tenho minhas razões. Mas principalmente, porque nós temos o tal complexo vira-lata, que nos faz pensar que lá fora, em outros países, tudo pode funcionar, mas aqui, não tem a menor chance. Deixe de ser sonhador, diriam alguns. Ora, primeiramente, sim, sou um sonhador. Me sinto muito feliz sendo isso.

Me sinto muito feliz sonhando com um lugar melhor, mas principalmente, me sinto feliz pensando que as pessoas, precisam de uma oportunidade. Nós brasileiros somos inferiorizados, humilhados, deteriorados, pior, escrachados, por nós mesmos. Viu só, nós, zombamos de nós mesmos. Nós, que deveríamos nos dar uma chance, tiramos qualquer oportunidade, simplesmente porque sempre foi assim. Aliás, eu sempre odiei o tal do “sempre foi assim”. Pois bem, se, sempre foi assim, então que acabe agora, e que se comece hoje a ser diferente. Eu posso mudar as coisas, mesmo que, para isso, eu tenha que mudar antes, a mim mesmo, e a minha forma de ver este lugar que chamamos de pátria.

Eu acredito que as pessoas precisam de uma chance. Eu gostaria disso. Gostaria que me dessem uma chance. Então, um dia, ainda que não consiga parar de escrever, você talvez me verá por aí montando uma certa barraca, para vender qualquer coisa, quem sabe até morangos, por ama-los tanto. Mas depois de monta-la, sairei eu, para ler meu livro em paz, em algum banco de uma praça qualquer, tendo a certeza de que, quem passar por lá, será honesto comigo. Não porque precisa ser, mas sim, porque ser honesto é bom, porque é justo, e principalmente, porque alguém confiou neles.

Isso é inspirador, é extraordinário. Espero que mais pessoas façam isso. É bom demais ser um sonhador, bom demais.