_________ CADÊ O BICHO?


 
— Bom dia, Seu Bidia!
— Bom dia, dona Velina! Uai! Quê que foi cum a senhora?
— De quê, Seu Bidia?
— Tá cheia de pintinha vermeia... A senhora panhô sarampo?
— Não, não! Cruiz credo!
— Tá de dá dó, nossinhora!
— Seu Bidia, é pirnilongo!
—Ah, é os marvado!
— Pois, então! Quê que nós vai fazê cum essa raça ruim, Seu Bidia?
— O trem tá feio, num tá, dona Velina?
— Ô! Nem fala! Lá em casa ês tão em tempo de carregá nóis!
— Inhantes era só de noite... Agora é de dia tamém, quem guenta, dona Velina?!
— É, tá um trem sem jeito, sô! Pá toda banda que óia, tá uma nuve! E a zuêra? Põe a gente doida!
— Mais eu já tomei as providença, dona Velina!
— Uai, é memo? O quê?
— Óia aqui em riba da mesa! Essa raquete é trem bão, viu?
— Raquete?
— Opa! Diquiri lá na venda da Nana. Chegô onte cedo. Mais tá que vende, viu?!
— Uai! Mais que nuvidade! O sinhô já exprementou? Funçona memo?
— Demais da conta! É uma raquetada e cabô a amolação!
— Mata?
— Se mata! Torra tudo!
— Nossinhora! Que trem bão, então! Era o que fartava pra nóis!
— Ah, era o que fartava! O trem é bão memo, viu?
— Pois é, veneno a gente tem medo, né, Seu Bidia?
— Ah, não! Veneno faiz mal, intoxica...
— Agora eu interessei, Seu Bidia...
— Faiz munto bem! Diquirindo uma dessas, adeus pintinha de sarampo!
— E cumé que usa esse trem? É custoso?
— Que custoso! Facim, facim... Óia, só! Premêro põe pá carregá na tomada...
— Hum...
— Acendeno a luizinha vermeia tá pronto, aperta aqui e taca nos zuerento! Já era!
— Agradei, uai!
— Qué vê? Vou caçá um danado aqui pá sinhora vê...
— Hum...
— Ih! Mais que inferno!
— O quê, Seu Bidia?
— Esses disgramado, dona Velina! Veve infernizano a gente e condo a gente mais pricisa deles, num acha um pá remédio! Óia, aí! Cadê o bicho?