Cobra
Tão louca
Tampouco lúcida
Enquanto mexe o pescoço devagar
Para a direita
Com a mão no queixo
Posando à mim
Posando o inferno à mim
Louca
Perturba-me tanto
Os pensamentos insanos
São teus
Insanos interferem nos meus dias tediosos
Me lembro das grossas boas vindas
Enquanto isso
Tão doces
Por que razão me lembro de tuas pernas
Quando queimo
Quando lembro de queimar
Mexe na boca
Poe retas as costas
Os pés esticam como os de uma bailarina
O corpo rebola como uma cobra
Venenosa
Venenosa para lábios
Tão de outubro
Tão descalços
O que está descalço
Toca com a pele
Sente a febre
A alma bebe
Talvez eu me recorde
Por cada vez
Que o fogo for tema
De mim
Do papel
Do lençol
Do outro lado do país
Escuto a trilha sonora de uma manhã chuvosa
Não foi escolhida para esta composição
Porém é tema para um inconsciente
Deturpado
Nostalgico
Os cabelos longos se fizeram tão presente
Quanto às bochechas e as boas vindas
Pretendi,
de início,
Falar sobre o envenenado
O envenenado vicia esse inconsciente
A base do balançar daquela cobra.