Cobra

Tão louca

Tampouco lúcida

Enquanto mexe o pescoço devagar

Para a direita

Com a mão no queixo

Posando à mim

Posando o inferno à mim

Louca

Perturba-me tanto

Os pensamentos insanos

São teus

Insanos interferem nos meus dias tediosos

Me lembro das grossas boas vindas

Enquanto isso

Tão doces

Por que razão me lembro de tuas pernas

Quando queimo

Quando lembro de queimar

Mexe na boca

Poe retas as costas

Os pés esticam como os de uma bailarina

O corpo rebola como uma cobra

Venenosa

Venenosa para lábios

Tão de outubro

Tão descalços

O que está descalço

Toca com a pele

Sente a febre

A alma bebe

Talvez eu me recorde

Por cada vez

Que o fogo for tema

De mim

Do papel

Do lençol

Do outro lado do país

Escuto a trilha sonora de uma manhã chuvosa

Não foi escolhida para esta composição

Porém é tema para um inconsciente

Deturpado

Nostalgico

Os cabelos longos se fizeram tão presente

Quanto às bochechas e as boas vindas

Pretendi,

de início,

Falar sobre o envenenado

O envenenado vicia esse inconsciente

A base do balançar daquela cobra.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 08/04/2017
Código do texto: T5965560
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