Viva a democracia! (...) O Burrinho Virou Presidente!

Bendita democracia! Ainda que sufocada pelos desmandos das injustiças sociais e aparentemente aniquilada pelos poderosos cartéis dos interesses pessoais, de quando em quando, ela ressurge num lampejo apoteótico de graça, mostrando toda a sua insofismável beleza.

Quem, em sã consciência, imaginaria que alguém humilde, vindo de classe operária, semi-alfabetizado, e contrário aos interesses oligárquicos, poderia chegar, um dia, a ser Presidente da República? Não fossem as surpresas que a democracia, de tempos em tempos, nos reserva, confesso que também já teria perdido a esperança.

Mas, como nem tudo que a gente pensa ou acredita é verdadeiro ou aplicável, e a literatura nos reserva esse direito maravilhoso de parafrasear a vida brincando com coisas sérias, continuemos a história:

Tudo começou naquele quase diálogo entre um dos mais bem preparados Presidentes da República e um (aparentemente despreparado) acéfalo nordestino. Na ocasião, o burrinho operário que há tempos descansava a meia sombra de certo arbusto sindical; houvera chegado à conclusão de que, por mais que almejasse, jamais chegaria a: Chefe de Estado.

Alguns anos, então, se passaram e o persistente burrico, sob as benesses da democracia, candidatou-se mais uma vez, pleiteando o cargo máximo de sua nação. Apurados os votos, o mundo todo se maravilhou quando o carismático e semi-alfabetizado ignaro ganhou as eleições presidenciais. Afinal, não é sempre que se vê uma tão linda lição de democracia.

Depois, passada a posse, quando aos prantos foi diplomado – aliás, esse seria seu único diploma – o burrinho surpreendeu a todos mostrando que a verdadeira sabedoria nem sempre deve ser creditada à escolaridade. Que a vida pode, ainda, ser a melhor escola. Se não para formar médicos, engenheiros e doutores; pelo menos para se fazer legítimos presidentes e verdadeiros representantes do povo.

Quem imaginaria que alguém tão rude – vindo de baixo e sem o sangue azul dos apanelados burocratas – mostraria tamanha habilidade para lidar com assuntos tão complexos como economia internacional, fundo monetário e reforma previdenciária e fiscal? Pois o “burrinho” eliminou de vez a tal da especulação, baixando até o poderoso dólar para patamares aceitáveis.

É isso aí, meu amigo! Diria: “COMPANHEIRO! (...)” Aqui termina a história em que a soberania de um povo desbanca o mais poderoso dos sofismas: afinal, quem falou que: um burrinho não pode ser presidente?

Viva a democracia! Viva o povo, viva a massa!

Viva os burros! Viva a praça!

VIVA O BRASIL!!!

Escrito logo após a sua eleição.

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