Língua Mágica
Certa vez, um amigo disse que cozinhar era como mágica...
O que me fez pensar que a língua também é mágica. Que outra mágica é capaz de colocar em nossa mente a imagem de uma girafa lendo jornal, enquanto senta em um elefante correndo em uma esteira?
Ouvi, também, que a posição de vida de uma pessoa é proporcional ao domínio que ela tenha da língua.
De fato. A língua pode fazer de você um herói, ou um vilão. A língua é capaz de criar imagens e verdades. Capaz de criar ilusões e mentiras. A língua pode fazer uma pessoa crescer, ou a derruba desmesuradamente.
A língua nos cria histórias que seguem conosco por todo nosso caminho de pedras, grama e areia. É ela que nos deixa aprender sem que precisemos nos machucar. É a língua que nos faz sonhar os sonhos loucos da noite... e os malucos do dia.
A língua é a mágica que te faz sentir sem tocar. Te faz arrepiar sem ouvir. É a mágica que te faz acreditar, sem ver. Ela pode destruir o seu dia... ou te acordar com seu abraço quente e enervante.
A língua pode te contorcer de prazer, e pode te amiudar em medo e dor. Pode trazer a lágrima que escorre da boca, ou do coração. A língua pode criar monstros, daqueles que moram embaixo da cama, ou no quarto ao lado, mas também pode criar criaturas maravilhosas que vivem dentro de nós mesmos.
Sem a língua, não haveria mágica nesse mundo. Não haveria o calor do abraço, a alegria do riso ou a carência da solidão.
Não teríamos o arrepio da música, o aconchego dos cabelos, nem o carinho da Morte.
Sem a língua, seríamos nada.
E essa é a minha paixão: ensinar algumas de nossas línguas.
Fazer mágica.