Então..., deu no que deu!

A vida é inexplicável. É preciso ter um certo jogo de cintura para não perder as estribeiras em algum momento. Nem sempre conseguimos, mas temos que tentar de algum modo. Conviver com pessoas da nossa própria família que têm atitudes que, se pensadas por nossas cabeças, seriam inconcebíveis. O dinheiro pede um lugar em meio a este sol escaldante. As posturas merecem passagem de modo alegórico. Não há o que se fazer. A bipolaridade toma conta do todo e resolve então se encrencar para o lado mais fraco. Esquece-se, então, que bipolaridade é patologia clínica e tem tratamento, mas nos fazemos de bobos para ganharmos os bobos.

A vida segue sem muita cerimônia. O passado desgasta e enfraquece o presente, mas ao mesmo tempo, fortalece um futuro que possivelmente irá acontecer. Penso que o mesmo a Deus pertence. Entrando para o caminho do amor, do pensamento mágico e nas escolhas, presenciamos pessoas que em nada se assemelham aos seres humanos. Talvez um frango tenha mais valor se olhando por sua incapacidade de pensar. Talvez um cão de rua tenha seja mais atraente que determinadas ociosos do espaço no tempo. Traem sem muito esforço, brincam com o sentimento alheio dos outros, mentem descaradamente, omitem fatos relevantes para o bem-estar do casal.

Entrando para o lado da falsidade, come-se com diabo na mesa, dorme-se com o tranca-rua na cama. E nada da oferenda voltar para o mar, nem o mar traga tais podridões.

Pessoas nasceram para simplesmente o quê?

Não vejo nada de positivo na existência humana. Brigam por religiões, matam em nome de Deus. Roubam em nome de Deus. Enchem os bolsos e cuecas do dinheiro alheio da política com o suor dos que sobrevivem neste espaço ocupado à toa.

Deus errou ao criar a humanidade? Seria Deus injusto a ponto de colocar essa raça que julga que pensa mas que não sabe usar o raciocínio que possuem?

O amor fraterno perde um lugar interessante no contexto. Não damos um passo nas ruas sem medo da nossa própria espécie. Geralmente andam disfarçados, algo que lhe é bastante peculiar: o disfarce. O carnaval estende-se por toda a vida, as alegorias e a falta de pudor ganham um espaço bem considerável. As máscaras se renovam ano após ano e cada vez mais voltam com força total e mais coloridas, dispensam comentários e desperdícios do latim.

Haveria então um caminho onde pudéssemos caminhar e resgatar todo o propósito de tudo? Haveria uma forma de acreditar na política sem antes a raiva passar ao nosso coração? Seria então cabível darmos um voto de confiança nas pessoas, sem generalizarmos, e ainda sonharmos com uma espécie que respeita sua própria espécie sem interesse maior?

Não. Pessoas não nasceram para felicidade, mas sim, para atrasar a vida de outras pessoas. A morte se aproxima lentamente, dia após dia, e poucos se dão conta disso. Magoam, ferem, destroçam outras e agem como se nada tivesse acontecido. Contudo, ainda não consigo, internamente, deixar de enxergar um fragmento de luz no infinito do túnel. Seria um pensamento quase que mágico, mas ele existe. Invejo o cão de rua, o leão que dorme na selva. Invejo o hipopótamo afundando dentro do pântano, a girafa que se sustenta sobre suas longas patas. Invejo o silêncio dos bichos e sua capacidade de não pensar, mas serem eles mesmos, independente do resultado catastrófico da cadeia alimentar. Creio na morte humana, na material. Certamente haverá em outro plano algo muito melhor para se viver.

Então..., deu no que deu!

Ao carma meus sentimentos, "não colou". Às escolhas sejam sempre bem-vindas, sem muito o que dizer. Certas ou erradas temos que sustentá-las até o fim. À vida saúdo e brindo pelo creio e pelo Deus que a ela formou. Aos homens, sem generalizar, minha total indiferença e medo. Não posso mentir a mim mesmo, tudo está atravessado e indo de mal a pior.

Casaria eu, comigo mesmo? Bom, eu não seria corajoso a esse ponto!

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 25/04/2017
Reeditado em 27/04/2017
Código do texto: T5980708
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