SER EDUCADORA E RECEBER CACHOS DE ROSAS

SER EDUCADORA E RECEBER CACHOS DE ROSAS

Lembrei-me dele e senti saudades.Dei-me conta o quanto foi importante ter sido alfabetizadora por vinte e cinco anos.Quando estamos no exercício do magistério, muitas vezes ficamos um pouco desmotivada para levar a missão de educadora com
nobreza e grandeza tamanha responsabilidade.
Lembrei-me de que todas as manhãs na fila que se formava no pátio da Escola, entre tantos alunos, somente um se destacava, não pelo seu porte físico, mas sim pelo simples gesto de amor, pois trazia em suas mãozinhas cachos de rosas.
Menino pobre acordava as cinco da manhã, pois morava em uma propriedade rural onde seus pais eram colonos, e caminhava quase uma hora para chegar à Escola.
Era muito tímido, envergonhado, de muito pouca conversa, mais era um aluno exemplar.Apesar de toda a sua humilde condição, era estudioso e muito educado.
A cena se repetia todos os dias, entrando na sala de aula, após a oração, menino educado, pedia licença para se levantar da carteira e caminhava até a mesa para oferecer-me cachos de rosas.
Ficava pensando...Tanto trabalho...Vem de tão longe segurando cachos de rosas...Elas chegam intactas, para tornar a nossa aula, o ambiente mais festivo e quem sabe talvez para tornar a minha vida mais alegre e mais feliz.
Fiquei pensando! Como pode o vento não lhe rouba sequer uma pétala de rosa.
Não consegui me conter e lhe perguntei? Meu filho como você faz para colher essas rosas tão cedo para dar-me de presente. Deve acordar muito cedo.
Ao que ele responde. Professora. Eu e minha mãe acordamos ainda no escurinho para poder colher cachos de rosas para lhe oferecer todos os dias, eu e minha mãe gostamos muito da senhora e o único presente que posso lhe oferecer são esses cachos de rosas.
Não me contive, as lagrimas brotaram em meus olhos ao presenciar tamanho afeto e dedicação de sua mãe e do meu aluno, uma criança de apenas sete anos e muito franzino.
Após momentos de emoção o convidei para um longo questionamento amoroso delicado e sugeri a ele uma breve reflexão.
Meu filho, o que você acha de pedir a sua mãe para plantar um galho de rosa em um vasilhame de plástico, assim quando estiver brotado e bem forte o pé de rosas que produz cachos de rosas, você traz-me de presente.
Parece-me que ele ficou muito animado com a idéia, aceitou a nossa reflexão. Pelo menos não precisaria levantar tão cedo para colher rosas.
No dia seguinte ele chegou muito feliz e disse: Querida professora a minha mãe já plantou a sua rosa e assim que ela estiver bem bonita ela vai trazer para a senhora.
Fiquei pensando, naquele gesto de infinito amor e lhe disse:
Everaldo ficarei eternamente feliz com o presente, assim terei cachos de rosas para sempre no jardim da minha vida e você será lembrança eterna em meu coração.