“Boa noitinha, meu filhinho!”

“Boa noitinha, meu filhinho!” Isso eu escutei centenas de vezes ao encontrar-me com a Mamãe deitada à noite no seu quarto bem depois do jantar quando preparava-se para dormir. Ela sempre estava lendo um romance sob a luz do abajur quando eu chegava. Sentava-me à beira de sua cama e conversávamos sobre amenidades. Havia momentos de silêncio, de só estar juntos... Sentia-me no ninho, onde tudo começou...

Levantava-me, dava-lhe um beijo no rosto e percebia seu cheiro, que também provinha de suas roupas. Como defini-lo? Não era perfume comercial. Era um cheiro de acolhimento amoroso... Um cheiro maternal particularíssimo... “Boa noite, Mamãe!” Dava-me um beijo também e respondia: “Boa noitinha, meu filhinho!”

Outro episódio de minha mãe revelou, de forma inusitada, como ela “funcionava” por dentro... Eu, com trinta e oito anos de idade, estava estudando teologia em Belo Horizonte. Era o dia de meu aniversário e minha mãe telefonou-me para felicitar-me. Entre felicitações e notícias corriqueiras, ela expressou algo que impressionou-me:

“Meu filhinho, hoje eu não consegui fazer outra coisa que ficar pensando em ti!” Terminado o telefonema, detive-me nessas palavras, refletindo... “Nossa! Tanta coisa para fazer na agitação dessa vida contemporânea... vai ficar pensando logo em mim?!? E não consegue fazer outra coisa?!?” Entrei em camadas afetivas mais profundas para contemplar, sem tentar compreender... É... As mães tem nos seus filhos o melhor presente e a melhor entrada no futuro... A maior esperança! O melhor futuro do Brasil! Ao vê-los, estão sempre encantadas e não conseguem desligar! Não baixam nunca o nível... Não conseguem!!! Tê-los na sua frente, para os seus olhos é o melhor colírio, o preenchimento mais deslumbrante de seu campo visual, o balão de oxigênio de sua autoestima e presença no mundo! Elas são assim! Criaturas fantásticas! E, em cada família do mundo existe uma...

O Papa Francisco esteve em Fátima, Portugal, nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do centenário da aparições, para canonizar os pastorinhos Franciso e Jacinta Marto. Na vinda, durante o voo, ele havia dito aos setenta jornalistas presentes: “É uma viagem de oração, de encontro com o Senhor e com a Santa Mãe de Deus”.

Ao colocar uma rosa de ouro aos pés da Mãe, na Capela das Aparições, Francisco, acompanhado da multidão, ficou ali num grande momento de silêncio, de só estar juntos... Depois, fez uma longa oração, incluídas estas palavras:

“Óh, Maria, no mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração,

vê as dores da família humana que geme e chora neste vale de lágrimas.

Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima! Faz-nos seguir o exemplo dos Bem-aventurados Francisco e Jacinta, e de todos os que se entregam à mensagem do Evangelho.

Percorreremos, assim, todas as rotas, seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros e venceremos todas as fronteiras, saindo em direção a todas as periferias, aí revelando a justiça e a paz de Deus.”

Do ninho, é necessário alçar voo...

Miguel Wetternick
Enviado por Miguel Wetternick em 21/05/2017
Reeditado em 21/05/2017
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