COZINHA SOCIET
Há alguns anos, fui convidado por uma amiga, á com ela, visitar uma colecionadora de peças antigas.
Filha de um embaixador, e com algum soutaque estrangeiro, marcou o encontro com expressiva fidalguia.
Feitas as apresentações de praxe, nos pusemos á dialogar sobre amenidades de franco interesse comum.
Em dado momento, ela me perguntou sobre meu passa tempo preferido e respondi que era cozinhar criando pratos.
Atenta á minha resposta, ela disse que, segundo o seu pai ( um embaixador ), cozinha seria lugar de empregados, e que não queria ve-la, senão na biblioteca ou em outros aposentos com amigas.
Depois de ouvir sobre o status da cozinha, deliberei, versar sobre a história da mesma, mas de forma sintetizada, e assim comentei:
No Brasil, em fase de colonização, a cozinha era o último cômodo da casa , com odor característico e com escravas morféticas, moscas e formigas e com sanitário próximo.
Com o passar do tempo, foi transitada para o meio da casa sendo intermediada pela copa, espaço este que empregados acessavam, apenas, para servir ou retirar refeições assim como na sala.
Com o um pouco mais de tempo, a cozinha ladeou a sala de estar e com alguma sofisticação e tecnologia, foi integrada aos lavabos, que no fundo, eram sanitários, gerando acolhedores ambientes para recepção de seletos amigos e amigas.
Ao concluir minha fala auto defensiva, ela considerou que, de fato, a cozinha ganhou visibilidade e até figura em programas de televisão, mas, não porque empregados tenham evoluído, mas sim, por seus patrões terem degradados, sem perda do bom gosto e da requerido ostentação da classe.
Depois, desta parte dela, foi oferecido e vermuth doce, entregue a distância de um braço de onde eu estava, isso porque, o bar dela, estava finamente integrado a sua cozinha americana, quase do tamanho da sala, na qual algumas peças da dinastia Ming, foram apresentadas.
Sandive Santana / RJ.