VERGONHA

VERGONHA

Não faço a mínima idéia de quem seja, causa-me um misto de receio, angustia, dor. Degredado da vida, ali está, cabelos desgrenhados, olhos vidrados. Andrajos cobrem seu corpo maltratado e sujo. Aproxima-se, do banco que ocupo na praça, pede uma moeda, que qual autômato, lhe entrego. Afasta-se e vai ao encontro de uma mulher e uma criança de colo, incontinenti, tomam rumo desconhecido. Eu, catatônico, perco-me em minha inutilidade e, escrevo, para purgar meu omisso, inútil e degradante papel moeda de humano. Dizem por aí que somos naturalmente sociáveis e generosos, será ?

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 01/06/2017
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