você não crê no que eu creio

Minha vida têm sido uma confusão nestes últimos dois anos. Venho morando em países diferentes, assistindo outras perspectivas do mundo, entrado em contato com pessoas e culturas completamente antagônicas.

Ao chegar na Holanda, confesso que ainda existia um pouco de esteriótipos em mim sobre o Holandês ser puramente open mind - Esteriótipos são as primeiras coisas que caem numa vida pelo globo. Dos mais simples como saber que nem todo russo bebe vodka e muitos odeiam bebida por conta do alto índice de alcoolismo após a guerra ao mais complexo como colocar nossa visão das coisas em uma caixa cada vez mais limitada, mas pronta para ser expandida de entendimento todos os dias. Conheci uma garota holandesa e não demorou muito pra começarmos a sair. Mas ela era protestante. Não que eu veja a religião com maus olhos, muito menos acho ruim que as pessoas a tenham. Já convivi com Judeus e também com Muçulmanos. Com agnósticos e satanistas. Com ateus e bruxos. Ativistas quânticos e nihilistas. Todos me ensinaram alguma coisa. E aquela garota protestante, me trouxe paz de espírito. Mas não foi por muito tempo. Como em minha tragetória aprendi com algumas pessoas insights muito bonitos sobre a base da fé cristã, como a oração do pai nosso na língua original, o nome do criador trazido dos antigos segredos dos Hebreus, o uso dele através da letra YOD HEY VAV HEY e etc. Achei que poderia compartilhar com ela algumas das coisas que ouvi e vi em minhas andaças pelo mundo. O resultado foi catastrófico.

- Você não vê Jesus Cristo como eu vejo.

- Acho que todos nós temos que seguir o caminho que melhor nos adequa.

- Mas aí temos um problema. se virarmos um casal você não trará Deus na nossa vida, pois você não acredita na verdade.

- Onde está a verdade?

- Na bíblia! - Respondia brava, a garota protestante.

- Antes ou depois do conselho de nicéia? - eu indagava

Não era ceticismo. Apenas acredito que se existe um criador, ele gostaria que questionássemos e entendêssemos tudo, e não aceitarmos tudo o que nos é imposto. Qual pai iria querer ver um filho crescendo num absoluto fanatismo? É ilógico.

Com o passar de duas semanas, eu acabei vendo que isso não daria certo. Embora eu respeite o limite e crença de cada um, compartilhar uma caminhada juntos exige uma certa linearidade. Pelo simples fato geométrico do paralelismo em manter o mesmo caminho. Eu gosto de falar sobre outras raças em outros universos, tempo, espaço, manuscritos antigos, probelmas sociais, inspiração, energia, o que vier na mente. Não o que a bíblia manda por mandar. Respeito a bíblia e ela me respeita. E assim vivo.

- Você é um cara demais, pena que tenha o defeito de não acreditar em Jesus.

Na verdade eu não duvido tanto assim da existência de Rabbi Yehoshua Ben Patriarch, seu verdadeiro nome. Mas apenas vejo como um homem muito talentoso. Que certamente obteve um grande número de insights poderosíssimos sobre a vida. Muitos anos estudando no templo não era pra qualquer um, creio eu. Mas isso é muito complicado pra esta crônica.

Na sequência, a pobre garota confessou:

- Não sei o que tenho, mas todos os caras terminam um relacionamento comigo prematuramente.

- Pergunte pra Jesus - Respondi sorrindo.

Ao voltar pra casa acabei que um pouco decepcionado. Pensando o quanto as pessoas deixam de viver por causa daquilo que elas acreditam como verdade absoluta. E pior. Quanto elas ativam de julgamento sobre todos os outros que são diferentes. Quem realmente perde com isso? Em um universo como o nosso, não existe verdade absoluta, apenas a ilusão que mais lhe é cabível. Seguimos nossas ilusões da verdade para conseguir ter uma base como ser humano. Mas ela realmente não existe. Se abrirmos um pouco mais amplamente nossa visão, deixando de lado nossos eternos alicerces, as brigas param. Os confrontos acabam. E talvez criemos o "paraíso". O que me fez rir. Imaginar que abolir a religião criaria o verdadeiro paraíso na terra com o passar dos anos.

Marcello Morettoni
Enviado por Marcello Morettoni em 06/06/2017
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