O DESEJO

Se fôssemos classificar os sentimentos humanos, o desejo estaria entre os mais nobres desses sentimentos. Sua classificação estaria bem próxima do amor, do ódio, em pesos iguais ou bem semelhantes.

Nós dependemos dos nossos desejos. Um país depende dos desejos de seus homens e mulheres. A humanidade depende dos grandes desejos. Foram os grandes desejos que fizeram-na evoluir e sempre serão eles que a evoluirá.

Na humanidade existiram homens e mulheres que seu desejo foi tão grande que no seu tempo não deu para realizá-lo. Absorveram-no seus descendentes ou até outras gerações inteiras. Perseguiram-no e em outros tempos o que era desejo no passado, se materializa e torna-se a realidade da época.

O desejo de Ícaro não se frustrou. Seu desejo de voar foi tão grande que norteou gerações futuras.

Sonhar é imaginar. Viver os vislumbres do imaginário; ainda são sonhos. Transformá-los em realidade, até mesmo sem ter sido realizado, são os desejos.

Nasceu o menino.

Temos sonhos para não pecarmos. A formação religiosa do mundo afoga os desejos. Mesmo sendo ela imprescindível, nos impõe, em muitas vezes, um receio de coisas que ainda nem são filhas do nosso coração. Prevenir antes que remediar é importante. Mas, nos limita. Nos encolhe. Instala-se o fantasma que nos remete à insegurança do próximo passo. Entretanto, essa insegurança deve existir, mas só e somente só, por buscamos o desconhecido.

O desejo reprimido não se materializa. A liberdade mais íntima foi ceifada. Ficamos sonhando.

O desejo enquanto sonho é um sentimento individual.

O menino é projeto.

E enquanto sonho, não carrega consigo o estigma do sucesso e do fracasso. Este estigma é formado pelo o que nos rodeio. E muitos por segurança prévia, o prevenir que remediar fora de hora, mas embutido no nosso inconsciente, preferem ficar no sonho.

O menino não nasce.

O desejo é como coceira só dá no lugar em que a mão não alcança. Por vezes, precisamos de outra ou de outras pessoas para podermos realizá-lo.

Os desejos do mundo de hoje, pequenos ou grandes, estão diretamente proporcionais às vantagens financeiras. Estamos ficando incapazes de defender interesses de outros sem eleger em primeiro lugar os nossos, se com prejuízos é coisa impossível. O homem está individualizando-se. Num mundo competitivo não exercita a fraternidade. Ao invés de desejos tem ambições.

Complicações à parte.

Neste momento, é que reside a nobreza do desejo. A mão não alcança, mas pensando em outras pessoas que ajudem e ajudadas, o desejo é realizado num sentimento coletivo. E o que antes era incomodo enquanto coceiras; é satisfação e realidade concreta, enquanto desejo. Quem coça ou quem é coçado rompe os seus limites. O servir e ser servido. Concluem que coçar também pode ser objeto de satisfação tanto quanto ser coçado.

Elevemo-nos, o espaço dá, em grandes proporções. Os grandes desejos e desafios nunca foram vencidos por solitários. Esse romper de barreiras tão simples, bobo e tão complicado ao mesmo tempo, por nos ser difícil ou porque a necessidade pode não ser a nossa, nos leva ao ter limites para nos doarmos espontaneamente. A busca de suprir nossas necessidades e suprir as de outrem, ambas por satisfação. Doar-se ao próximo não seria a nossa liberdade mais íntima?

Essa liberdade compartilhada por todos os seres humanos, seria a maior contribuição do humano para o humano.

Imagine. Andarmos de braços abertos. "Sem lenço nem documento nada no bolso ou na mão". Num sol de quase setembro que nasceu para todos. E irmos. Por que não? Nem somos essas coca cola toda, eu acho, somos simples mortais.

Mesmo sendo difícil nem sua a necessidade não encolha a mão.

Seja parte do problema e da solução. "(Parece letra de música, concordo)"

Não é um sonho apenas, mas um desejo, filho do coração, para um mundo melhor de amizade, de paz e de prosperidade.

Assim seja.

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 12/08/2007
Código do texto: T603923