As buscas

O princípio da busca é a necessidade de encontrar. Seja algo ou alguém, alguma coisa é desejada quando se busca. O buscador (vamos chama-lo assim, já que o neologismo nos permite) é o indivíduo que se dispõe pelos caminhos desconhecidos e surpresas a fora, em sua missão.

O fator é que nem toda busca termina com o encontro. Foi assim comigo. No meu caso, fui mudando, de busca em busca, até não ter o que buscar.

Trabalhava em uma cidadezinha do Nordeste, no chão de fábrica, para pagar o vestibular. Paguei o tal exame, na 3ª terceira, após mudar minha opção de curso na 2ª tentativa, enfim passei. Era a Universidade que eu queria. Longe da minha casa, não era a melhor do mundo, nem do estado. Mas eu queria aquela. Enfim, uma conquista.

Concluí o curso. E agora o que fazer? Por que estudei para não atuar na área específica do meu curso. Mas, após 1 ano e meio desempregada, buscando um sonho de emprego, o trabalho da realidade me chamou, e, sem opção, aceitei o convite: professora. Não tinha a menor habilidade para lidar com crianças. Tinha pavor daqueles seres estranhos. Com exceção dos meus irmãos e sobrinhos, não convivia nem com os filhos das amigas.

Ok. Encarei a parada, me adaptei, aprendi a lidar com os lindinhos e até aprendi a gostar um pouquinho deles. Lecionei, inclusive, para turmas de crianças a adultos. Missão cumprida. Não encontrei o que buscava, mas dei o melhor de mim. Mas, daí veio o desânimo, a insatisfação, a ânsia por novidades e desafios. Então, mudei de estado.

Em outro universo, sem contatos profissionais, refiz minha rede, voltei a pescar. Ainda queria a não buscada, mas acertada, carreia: desastre! Encontrei a vaga, mas perdi os documentos após a entrevista. Não precisava nem mencionar que minha conquista foi-se embora com meus documentos, perdidos, todos juntos, sem chance de acha-los.

Nesse ponto, era hora de mudar e se adaptar (de novo!!!). Tirei outros documentos e busquei outros tipos de empregos, qualquer um. Encontrei. De achado em achado, fui me distanciando da minha área de formação, tanto específicas quanto áreas afins.

Quando dei por mim, estava no universo dos negócios, no mundo das exatas (logo eu, a poeteira de Humanas). Ainda bem que nunca fui ruim em exatas. Fiquei por lá, pelo dinheiro e curiosidade, os dois na mesma proporção. Fui ficando, até que um dia, me chateei com umas insinuações de que eu deveria voltar pra minha antiga área (professora), de que eu não daria conta ali. Eu já estava preparada para voltar a lidar com os pequeninos.

Mas isso me incomodou. O que era agora? Minha capacidade de mudar, adaptar-me e me reencontrar não existiam? Por acaso eu havia nascido professora, ou qualquer outra coisa que já tenha feito na vida? Nunca busquei uma e tampouco busquei a outra. Mas, assim como fiz antes, faria agora.

Então, bati o pé e, dessa vez, por vontade de dar o troca com alto estilo e elegância (que provavelmente eles não entenderiam...rsrsrsrsr) me adaptei e fiz dali meu mais novo lar. Novamente aceitei o que não buscava. Mas as dificuldades apareceram...

Marta Almeida: 27/06/2017