25 de Maio; África e as minhas lágrimas.

25 DE MAIO

( Africa e as minhas lágrimas )

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Encontrei uma história que me habituou chamar-vos:

o berço da humanidade.

Sois?

Então vim saber de vós, se sempre sonhastes ser uma África assim.

Os filhos nascidos do teu ventre quente, fizeram de ti, autêntico refém económico das elites políticas ocidentais. Alienaram-se culturalmente, por este facto, com o tempo, vão dissolvendo a sua identidade cultural, nos vectores ideológicos que convenientemente a comunidade costuma chamar de aldeia global.

Os filhos nascidos do teu ventre quente, deixaram-se engolir por uma aldeia global na qual o consumo e a exploração ideológica perfazem o seu lugar de destaque.

Globalização: assim definiram os românticos da política internacional e da utópica aldeia global, ao que se pretende como um sistema de integração das nações. É na verdade, a extensão dos vectores económicos dos mais fortes sobre os mais fracos.

Os que governam, transformaram a poesia da tua alma quente em um cântico utópico sem um refrão se quer, que se cante com esperança. O teu povo é órfão de paz e sossego. É faminto de pão.

Anda quase sempre aos embrulhos e a dançar a velha e estupida música produzida pelo show dos canhões.

Veja os órfãos e refugiados das guerras? Veja as crianças famintas e sem escola. Veja os emigrantes que definham além mar.

Os filhos que nasceram do teu ventre quente, aprenderam a resolver os problemas com a poesia escrita com o sangue. Dizem-se semelhantes, mas são ao mesmo tempo diferentes. Matam-se pela cor da pele, pela identidade tribal, e pela chancela partidária. Fizeram-se eles mesmos autênticas Marionetas da vil política desenhada pelos impérios políticos do ultra mar.

Vim saber de vós, se sempre sonhastes ser uma África assim. competências substituem-se por cartões partidários; onde homens e mulheres pensantes, são por isto mesmo alienados ao mais alto grau de indigência intelecto-espiritual.

Vim saber de vós, se idealizastes uma África assim; onde a ciência é baldia. E a leitura um hobby. O senhor Doutor, raramente publica obras literárias e científicas. Eu apreendi o carácter dinâmico, progressista e pragmático da ciência. Entretanto vejo que os títulos exaltam uma nomenclatura utópica, que outorga currículos vazios e ausentes de respaldo social. Temos inventado nada. Até a comida que comemos nos é vendida ou supostamente oferecida porque sempre nos damos a conhecer ao mundo como a gente preta que pensa com o estômago.

É o amor? Exportamo-lo no Talvez porque na verdade não sabemos religião. Não me esqueci que a prática é o critério da verdade. Ou não é?

Vim saber de vós,

se idealizastes uma Angola assim. Onde são reciclados os resíduos humanos provocados pela guerra; porque sempre que um turista estrangeiro fotografa a senhora zungueira, ou o miúdo de calção roto no rabo; é a vergonha social do meu país que ganha vistos mediáticos para a diáspora.

Vim saber se idealizastes uma Angola assim: exposta ao assédio monetário da oligarquia mundial, que "amadrasta-nos" economicamente, remetendo o vosso povo mais pobre do que quando o deixastes. E o povo? Continua povo, de quem era mais importante resolver-lhes os problemas. Na pirâmide social, este faz a percentagem que os bons relatórios não conhecem.

Sei que chamar-me-ao anti patriota, por ter substituído o "assobio meu" por palavras amargas. Mas eu, a muito mandei-os a fava, Porque assimilei a ideia de que patriotismo não é estupidez e consciência política não é o necessário partidarismo.

Encontrei uma história que habituou-me a chamar-vos pai da nação. Se sois; Então vim saber de vós; se idealizastes uma Angola assim?

Sobretudo vim perguntar-vos se já os "mortos compreenderam porquê que morreram afinal"?

Faça nascer do teu ventre quente, pensadores que pensem África por dentro.

Duarte Ombeu.

Duarte Ombeu
Enviado por Duarte Ombeu em 12/07/2017
Reeditado em 12/07/2017
Código do texto: T6052164
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