Pais: os primeiros educadores

Ao homem justo há uma promessa consoladora, seus filhos serão como rebentos de oliveira, porque tal homem é como árvore plantada à beira do rio e produz a seu tempo o que dele se espera. Essa linha de pensamento nos incute a idéia que praticar a justiça é condição indispensável para se ter alegria com os filhos, juízo bem coerente, considerando que os filhos se espelham primeiramente nos pais chegando ao ponto de imitá-los nos gestos, nos trejeitos, nas atitudes e no modo de falar. Por que não os imitariam nos valores por ele cultivados ao longo da vida? Tantas vezes demonstrados com exemplos nas situações de conflitos ou nos momentos felizes em família.

Não são fundas as lembranças que guardamos da infância quando o pai nos parecia um herói invencível? Quando se punha à frente dos problemas domésticos e tudo se tornava tão fácil de resolver. Quando sua simples presença enxotava os nossos fantasmas noturnos, nossas incertezas com relação à nossa singela dificuldade com o trabalho escolar. Quando sua voz tonitruante punha fim nos nossos pequenos desacordos de adolescentes. Com aquele seu jeito especial de manter o nosso universo familiar funcionado com a devida ordem.

Aí um dia a gente se vê no lugar do cara. Começa a sentir na pele, no coração e nos ossos o que ele sentia. Passa a olhar o mundo do ângulo em que ele olhava, e fica observando a forma em que os pequenos nos olham, e descobrimos que somos excelentes atores, e criamos aquele personagem impressionante, que se esconde de vez em quando para verter uma lágrima, numa atitude furtiva, porque um pai não pode deixar transparecer as suas inseguranças, os seus medos, as suas fraquezas, ou não seria um herói para aqueles a quem um dia passará o bastão.

O homem justo terá alegria com seus filhos, sim. Justo não só no aspecto ético, ou forense, mas no sentido de estar permanentemente imbuído de um desejo sincero de manter viva a sua retidão moral, a sinceridade de sua adesão ao exercício da lei e a consciência da obrigação de prover as necessidades de sua família com o resultado de um trabalho honesto. Amando e respeitando essa mesma família como célula mãe da sociedade, que tenderá a ser mais justa tanto mais justos forem os primeiros educadores de seus cidadãos. Estes mesmos: os pais.

Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 14/08/2017
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