O MUNDO VIRADO DE CABEÇA PARA BAIXO

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Terça-Feira, 15 de agosto de 2017

    Numa certa crônica criada nesse espaço há algum tempo atrás, abordei a possibilidade, mesmo que remota, de que algum cientista, desses ditos loucos que existem por aí, desenvolvesse uma máquina que transportasse pessoas através dos tempos.

   Então, partindo dessa possibilidade, alguém do Século XVIII, lá do ano de 1750, por exemplo, fosse transportado para esses nossos dias de 2017, e desembarcasse num lugar como as esquinas da Avenida Presidente Vargas com Avenida Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro, principalmente num horário dito do rush.

   As primeiras dificuldades que encontraria seriam o ar atmosférico tremendamente poluído, bem como o excesso de ruídos, comum a tal ambiente. Isso, com certeza, desnortearia essa pessoa, de forma absurda e total, fazendo-a sucumbir, logo a seguir.

   Mas caso resistisse a tais dificuldades e resolvesse andar por ali, ficaria tão surpreso, por exemplo, em ver numa das bancas de jornal que existem nesses locais, os exageros pornográficos, proporcionados por exposições de revistas e fotografias de nudez e sacanagem, coisa que em séculos anteriores não haviam e nem aconteciam, de jeito nenhum.

   Entretanto, se pudesse ouvir rádio e/ou ver na televisão as programações do momento, ficaria estarrecido com a quantidade de notícias ruins, que envolvem escândalos sociais e políticos, bem como sobre a criminalidade a qual estamos sujeitos nessa nossa cidade e época.

   Enfim, essa pessoa transportada de outros tempos atrás para esses tempos atuais, sofreria uma síncope imediata, falecendo pouco tempo depois, sem nenhuma possibilidade de livrar-se de tal circunstância fatal.

   Mas conosco, os que estamos vivendo e sobrevivendo a tantas discrepâncias, não deixa de ser também muito surpreendente tal resistência, porque é uma coisa de louco passar-se por tudo o que passamos, e continuarmos vivos, mesmo que com muitas pendências, principalmente de várias doenças originadas por esse tipo de processo de vida.

   E o pior de tudo é a resiliência a todos esses absurdos aos quais estamos submetidos diuturnamente em nossas vidas, vivendo quase que de forma normal e natural, mesmo sabendo que tais circunstâncias nem passam perto disso, até pelo contrário.

   Também há um outro fator muito importante a citar, qual seja o de uma situação de total descalabro a que estamos submetidos em nossas vidas, sem perceber o inferno em que nos enfiamos, bem como não buscarmos soluções para todo esse revertério existencial.

   Nem Freud e nenhum dos seus pares, por certo, conseguiriam explicar tanto desajustamento humano, assim como não explicariam como se deu tal processo de vida, que com o passar dos séculos, virou o mundo e a vida de todos nós de cabeça para baixo, seja lá o que isso queira dizer, mas todos o bem sabem.

Aloisio Rocha de Almeida
Enviado por Aloisio Rocha de Almeida em 15/08/2017
Reeditado em 15/08/2017
Código do texto: T6084225
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