Uma menina que tinha um dom

Acredito que com todos nesta vida, algo esquisito sempre acontece. Mesmo se tratando de uma pessoa racionalmente cética como eu e talvez como você, Já tive casos na vida onde eu realmente não consegui dar lugar para a razão. Mas diferentemente de pessoas que falam de casos paranormais, este é um sobre pessoas bem vivas. Já havia achado esquisito uma vez em que estava caminhando em um morro em Wellington e fui abordado por uma senhora aparentando 90 anos. Ela me parou e disse que sabia meu nome. De fato, ela disse meu nome. O espantoso foi depois disso. A senhorinha sorrindo disse:

- Te conheço de muito antes. Você me deixou há muitos anos, mas vejo que os mesmos olhos estão de volta - e fez um carinho no meu rosto.

Eu não entendi nada aquele dia. Mas hoje eu vou contar sobre um fato de uma estranha noite em Den Haag, sul da Holanda.

Estava eu em um bar, com a minha bela cerveja sentado em uma noite um tanto quanto quente para os padrões do país. Perdido em meus pensamentos, vejo sentar ao meu lado uma garota tipicamente holandesa, eu arriscaria Amsterdam. Como a tal da senhorinha, fora a minha vez de ficar marcado por aqueles olhos tão azuis e cintilantes. Quebrando o silêncio, ela me perguntou de onde eu era. E começamos a falar, informalmente.

Mas, em cerca de dez minutos de conversa, a coisa tomou um outro rumo. Ela começou tentando se explicar, e de fato eu estava de mente aberta para entender.

- Você vai achar esquisito. Mas eu sentei aqui porque parece que eu te conheço. E não só isso, eu sinto um amor por você. Não esse amor de mulher por homem, uma espécie de amor mais familiar.

Alcool, pensei. Ou MDMA. Ou os dois? Mas ela continuou:

- Eu sei que é loucura, mas algumas pessoas eu leio inteiramente em segundos. Eu sei que você tá carregando uma dor referente á .... (e disse pelo menos três coisas, na verdade demônios que carrego há anos).

Agora ela tinha minha total atenção. Dei uma engasgada com o que ela tinha dito sobre minha vida pessoal naquele nível. Foi um golpe na jugular, na verdade. Meus olhos se avermelharam instantaneamente. Ela havia tocado exatamente "ali", e em menos de vinte minutos. Ela me abraçou impulsivamente. Acho que aquele abraço durou uma eternidade. Pelo menos na realidade paralela da minha cabeça, ele continua existindo.

Saímos daquele bar. Sentamos numa praça qualquer até o amanhecer. Ouvi mais sobre aquele "dom", conversamos mais sobre a minha vida também. No dia seguinte, enquanto eu fazia meu café pela manhã, eu estava perplexo. Como coisas assim acontecem?

Há quem diga que anjos existem.

Há quem diga, que existem pessoas com uma percepção extra.

E há pessoas como eu, que apenas admitem que este é um universo estranho, no qual as vezes, melhor do que explicar basta apenas vive-lo.

Marcello Morettoni
Enviado por Marcello Morettoni em 21/08/2017
Reeditado em 21/08/2017
Código do texto: T6090217
Classificação de conteúdo: seguro