Um dia de cada vez e a gente aprende

Por fim, aprendi o que separa o fraco do forte, o que diferencia grandes de pequenos, seres inimagináveis dos comuns. Aquele momento de dor, eu já ia deixando, como sempre, a razão da tortura me vencer.

Ceder à dor é muito racional, principalmente quando te é negado (ou tomado) o que mais desejas/amas. Ou pensas que não? Tua humanidade te permite isso, você deu seu melhor e não foi o suficiente, etc, etc e tal, não deves persistir, parecerá tolo. Dizemos coisas do tipo, a nós mesmos, a todo o momento, para responsabilizar outros por nosso fracasso. E não há nada de errado com esse raciocínio, pois, se alguém coloca o pé no seu caminho e você cai, logo, foi tombado, não caiu porque quis.

Acredite, gasto muito este argumento. Mas recentemente, venho enxergando também por outro ângulo. Ok que fui tombada, ok que a dor era grande demais. Porém, há um conselho que ouço desde criança, e apenas agora entendi na prática: “Se fores frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena”. Naquele momentozinho de dor intensa, ali, tudo se defini, na escolha repleta de dor e emoção que faço, em parecer ‘tola’ suicida e persistir (coragem + força) ou justificadamente desistir (admissão de fraqueza).

Não se sinta mal, por favor! Aceitar a derrota não é culpa nossa. Fomos educados para ter limites, então também atribuímos limites, muitas vezes coletivos, aos danos que podemos suportar e, se o atingimos, não nos envergonhamos em parar por aí. A questão é que força e coragem consistem exatamente em continuar além dos limites.

Mas não posso (nem pretendo) te enganar: seguir atrás do objetivo, apesar da imensa dor, é uma escolha que fazemos, geralmente em meio a mais profundo sofrimento. Portanto, apesar de não sermos culpados por desistir de tentar, está em nosso poder continuar com dor até morrer dela ou vencer. Todavia, é preciso coragem para se responsabilizar em seguir adiante.

Pois bem... como eu ia dizendo no início... foi naquele momentozinho, que por fim, aprendi o que fazem as pessoas para serem fortes. Então disse a mim mesma para abrir mão daquela tranquilidade sem dor e aprender a seguir sempre em frente, buscando meu objetivo, porque parar para me livrar da dor e recomeçar não me levaria aonde quero. Isso é escolha de forte.

Hoje, ao menos por este momento, tenho orgulho de mim! Amanhã, pode ser que eu ceda de novo, mas certamente vou insistir em me acostumar com a dor além das minhas crenças, me reprogramar para suportar mais e seguir sempre em frente. Um dia de cada vez, a gente aprende assim.

Marta Almeida: 06/09/2017