Amores

Por causa do frio, das chuvas freqüentes, saio pouco. Meu recolhimento está me proporcionando um redescobrimento, um reencontro comigo mesma. Por muito tempo, mal tinha tempo de pensar, porque sempre havia algo a fazer, alguém esperando que eu fizesse.

Há algum tempo, um amigo disse que me achava muito segura. Eu também acreditava nisso. Na verdade, eu precisava me afirmar. Relembrando, dou risadas das muitas coisas que eu pensava e tinha como verdades, que mais tarde, vi desmentidas. Quê bom sobreviver para rever o que fizemos e falamos e termos consciência de que erramos e aprendermos com os erros.

Eu era, acho que ainda sou, muito presunçosa, dona da verdade. E muito, mas muito ingênua. Outro amigo diz que sou pura. Talvez também seja um pouco isso. Pura no sentido de acreditar que o certo é sempre certo e o errado, sempre errado. Na teoria é assim. Na prática, como se costuma brincar, a teoria é outra.

Outro amigo afirma que não deseja mais ter uma relação amorosa formal. Acho que isso é bem mais difícil, do que ter. E eu queria voltar a ter um companheiro. Tinha certeza de que logo depois da separação, eu estaria amando aquela pessoa especial. E estava. De lá para cá, amei várias vezes aquela pessoa especial, porque quando nos apaixonamos, temos sempre a certeza de que é o amor definitivo, de que o amado é a pessoa mais especial. Encontrei várias vezes o grande amor da minha vida, pois quando amamos, temos a certeza de que aquele é o verdadeiro, o maior, pois nenhum amor deve ser pequeno, para ser realmente amor.

Hoje, estou quieta. Feliz, com minhas pequenas conquistas do dia-a-dia. Leio bem mais, inclusive na Internet, que é o meu grande presente, dado a mim, por mim mesma.

E, de vez em quando, recebo notícias de amigos longínquos que, como eu, ainda acham que vale a pena cultivar amizades, ao invés de forjar amores.

17/08/2007