Tão curto (quando o amor evapora)

Se eu soubesse que seria tão curto, com certeza eu teria aproveitado mais. Teríamos aproveitado mais! Não perderíamos aquela praia tão esperada; eu teria chegado mais cedo no dia da Copa. Teria trabalhado menos para ter mais sextas livres para curtir o amor. Sextas para ver estrelas, luas; sextas para não fazer nada. Sextas para um abraço apertado, um beijo demorado (daqueles que damos em pontos de ônibus, em que as horas são esquecidas e o perigo também).

Se eu soubesse que seria tão curto, teria sentido melhor a respiração dela. Teria olhado mais nos seus olhos pra ver os famosos espelhos d’água, brilhando aquela alma, tão pura, tão linda.

Se eu soubesse que seria tão curto, evitaria as bobagens; ganharia tempo com atenção e zelo; paixão e transparências.

Talvez ainda possamos nos dá o prazer de um belo encontro “fortuito”, assim como imaginei, desses comuns nas grandes cidades. Encontros! Olhos nos olhos, tremedeira sincera. “Não sei onde colocar as mãos”, “não sei o que falar”... transbordamento de histórias.

Apenas um encontro. É isso! Tenho que pensar que foi apenas um encontro. Diferente. Mais leves, mais suaves. Cumprimento de sorrisos. Nervosismo. Será que um dia isso passa? Apenas um encontro. Desses comuns. Um dia, imaginei... assim como foi. Caminhada. Carinho. Silêncios. Falar com silêncios! “Eu adoro”, ela diria. “Ai, ai’, ela suspira. Será tédio, desconforto? Quem saberá? Nada digo. Absorvo a atmosfera, o clima. Se eu soubesse que seria tão curto! Um encontro curto! Tanta coisa a dizer... silêncios. Ela ali, tão pura, tão linda, ao meu alcance! É preciso cuidado para não assustá-la (como se assustam os pombos com os gestos mais bruscos).

Bom. Encontro bom. Apenas um. É isso! O pulsar da vida gerando histórias. Ela ali. Quase minha, quase fruto do meu silêncio. Quando será que tudo termina? Espera sensata. Calma. Se eu fizesse minha vontade, eu a roubaria, eu a sequestraria. Mas nem sei se ela aceitaria a minha vã loucura. Então, não faço. Aprecio ela parada. A mesma de antes. Minha nos meus desejos secretos. Ela, enigma. Nós, secretos. Abismos de silêncios. Dentro de mim, o maior amor do mundo.

Ela parte. O adeus traz a distância novamente. Tão curto. Tão fortuito. Apenas um encontro. A paz no coração. Se eu soubesse... ela não partiria. Ficaria em mim. Mas... até mais! Nunca mais!

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 26/09/2017
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