COM AÇÚCAR COM AFETO

Ela deitou-se no meu ombro e sussurrou: eu precisava mesmo é de um chocolate.

Dia estranho até ali. Daqueles em que você trabalha duro e espera inutilmente por, no mínimo, um olhar menos duro que o trabalho. Não que isso fosse novidade, mas aquele dia tenso em que a coluna dói de tanto ser contraída e o cansaço mental começa a cair pelas pernas merecia um alento, afinal.

Eu também estava cansada, mas imediatamente comecei a falar de diversos assuntos na tentativa de distraí-la. Divaguei por algumas piadas infames sobre os homens enquanto ela ria e eu observava meu esmalte azul descascado.

Sabíamos que nosso esforço -em algum momento- não seria em vão. Mas era incômodo passar por esse dia difícil sem esperar que a boca da noite nos beijasse com um pouco mais de ternura.

O descanso passou ligeiro.

Não houve gratidão nem chocolates. Mas houve ombros, colos e risos. Quando o relógio nos bateu a hora de voltar ela fez questão de me informar que já se sentia melhor. Achei educado não dizer que meus ombros ainda doíam e respondi: - vê? Meu colo é bom. E ela acrescentou: e doce.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 19/10/2017
Código do texto: T6147046
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