Será ciúme, amor ou Doença?

Dias atrás na minha caminhada matinal, tive o prazer da companhia de uma psicóloga que entre muitos assusto me questionou: “Quem é que não gosta de perceber que a pessoa amada sentiu ciúme quando você comentou que outra pessoa é bonita, ou quando outra pessoa te paquerou, mesmo que você não tenha retribuído a paquera”?

Geralmente gostamos de perceber o ciúme tanto no outro como em nós mesmos, pois esse sentimento pode ser traduzido como cuidado, gostar, querer bem. Mas, logo percebemos que não temos motivo para tal sentimento.

O problema é quando esse sentimento deixa de ser esporádico e de querer bem e passa a ser exagerado, patológico e controlador.

Podemos dizer que o ciúme é um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de ameaça que coloca em risco um relacionamento.

As explicações para o ciúme costumam ter três elementos em comum: ser uma reação frente a uma ameaça percebida, acreditar que existe um rival real ou imaginário e ter como objetivo eliminar os riscos da perda do objeto amado.

O parceiro do ciumento, frequentemente, se queixa da sensação de aprisionamento e sufocamento na relação. Isso ocorre porque o ciumento cria um sentimento de posse pelo outro, acreditando poder controlá-lo através de uma investigação constante de seus passos.

O ciumento acredita que está sempre sendo traído, por isso não permite que o companheiro tenha vida social sem sua companhia. O parceiro não tem liberdade para sair com os amigos ou conviver com seus familiares. Fazer cursos ou trabalhar até mais tarde sempre estará associado à traição.

Assim, inicia-se uma exaustiva busca pela prova do crime e sem limites o ciumento investiga as mensagens e ligações no celular, exige ter a senha de e-mails e redes sociais, confere faturas de cartão, cheira e olha a roupa em busca de marcas de batom e perfume diferente. Pergunta quem mudou o banco do carro de posição e se incomoda com a compra de uma camisa diferente. O passado torna-se presente, devido a tantos questionamentos sobre o parceiro ter gostado mais de outra pessoa antes de se conhecerem.

Esses são apenas alguns exemplos do que uma pessoa com ciúme patológico pode fazer, uma vez que diante de tantos sentimentos e emoções vivenciados, a pessoa perde o controle do que está fazendo e não consegue perceber qual é o limite entre a normalidade e o exagero.

O ciumento pode vivenciar sentimentos como ansiedades, depressão, vergonha, raiva, culpa, insegurança, preterimento, humilhação, desejo de vingança, violência e solidão. Uma vez que sua vida passa a acontecer em função de provar uma traição é comum perder as relações sociais, pois para ele ninguém é confiável.

A infidelidade também pode ser real, então cabe ao psicoterapeuta entender a racionalidade ou não do sentimento de ciúme, se é um sentimento obsessivo, de posse ou delirante, para então trabalhar junto com seus pacientes suas origens e resinificação.

O ciúme patológico pode ocorrer por vários motivos, como por exemplo, depois de a pessoa vivenciar um trauma como a traição de um antigo companheiro ou um relacionamento mal sucedido dos pais ou amigos. A pessoa pode aprender com seus modelos, que deve sentir ciúme e controlar os passos do outro.

Outra coisa que pode ser aprendida com os modelos é que a pessoa não é capaz de fazer nada corretamente e nunca poderá conquistar nada em sua vida, o que pode ocasionar uma autoestima rebaixada, insegurança e consequentemente o ciúme. Assim, podemos dizer que o ciumento não apresenta uma falta de confiança em seu companheiro, mas em si próprio.

O ciumento deve buscar ajuda para conhecer a origem do seu ciúme patológico, ressignificar seus sentimentos e amenizar seu sofrimento, podendo então construir sua própria história e não viver uma imposta por sentimentos doentios.

A vítima desse ciúme exagerado também deve buscar ajuda, pois constantemente está exposta a situações vexatórias, estresse, ansiedade, culpa e outros sentimentos que a prejudica no seu dia a dia.

Pense! Se seu ciúme deixou de ser um cuidado e bem-querer pela pessoa amada e está atrapalhando suas relações sociais, talvez seja a hora de procurar ajuda.

Jova
Enviado por Jova em 19/10/2017
Código do texto: T6147112
Classificação de conteúdo: seguro